A editora-executiva do jornal O Estado de São Paulo em Brasília, Andreza Matais, foi alvo de um ataque cibernético após publicar uma matéria que revelava que o ex-presidente Lula teria pressionado pela liberação de um empréstimo bilionário para a Argentina, supostamente para influenciar a candidatura presidencial de Javier Milei.
Na quarta-feira, a conta da jornalista no Portal do Governo foi invadida por hackers que trocaram sua senha e tentaram extorquir dinheiro dela para não divulgar seus dados de Imposto de Renda.
Antes do ataque, Andreza enfrentou críticas nas redes sociais devido à matéria do Estadão intitulada “Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Milei”, que foi escrita por Vera Rosa, uma integrante de sua equipe. Após os ataques, Andreza deletou sua conta no Twitter.
O governo negou as acusações de que Lula teria pressionado pelo empréstimo e afirmou que o dinheiro enviado à Argentina foi uma forma de “ajuda” devido à escassez de reservas no país vizinho.
Conforme a investigação do Estadão, Lula teria pressionado a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a aprovar o empréstimo através do Banco de Desenvolvimento da América (CAF), mesmo com a Argentina enfrentando problemas de crédito.
Tebet negou a interferência de Lula na liberação do empréstimo, mas não negou a suposta tentativa do governo de influenciar as eleições na Argentina.
O assessor da Presidência, George Marques, defendeu o governo nas redes sociais, alegando que “setores da grande imprensa” estavam associados à “extrema-direita” e ao chamado “gabinete do ódio”. Ele classificou a reportagem como “fake news” e reforçou a versão de que o empréstimo foi feito com base em critérios técnicos, evitando mencionar a suposta interferência eleitoral na Argentina.
Em resposta aos ataques de Marques, Andreza comentou em uma de suas publicações apenas com o valor do salário dele, que é público no Portal da Transparência. Isso gerou mais críticas à jornalista por parte de militantes petistas.