Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics, foi eleita “Mulher Economista 2023” pelo sistema Cofecon/Corecons, que representa o Conselho Federal de Economia e os Conselhos Regionais de Economia.
É interessante notar que as vencedoras anteriores do prêmio, lançado em 2020, foram as economistas Denise Lobato Gentil e Esther Dweck, ambas professoras associadas do Instituto de Economia da UFRJ e ligadas ao PT. Antes da formalização do prêmio, a economista Tânia Bacelar, que fez parte da equipe de transição de Lula em 2002 e foi secretária de Planejamento e de Fazenda de Pernambuco, recebeu os títulos de “Mulher Economista Destaque” e “Personalidade Econômica de 2018” da entidade.
Segundo o comunicado do Cofecon, a escolha de Dilma, anunciada durante uma reunião plenária das entidades realizada no sábado, 9, em formato híbrido (presencial e virtual), considerou “sua significativa contribuição para o desenvolvimento econômico e social do País ao longo de sua carreira”.
O comunicado destaca que a premiação não apenas celebra o mérito da economista, mas também ressalta a importância de reconhecer e valorizar as mulheres que desempenham papéis relevantes na promoção do desenvolvimento com responsabilidade social. A escolha de Dilma Rousseff como a Mulher Economista de 2023 reflete o reconhecimento de seu legado e expertise no campo econômico, assim como seu papel fundamental na formulação e implementação de políticas que moldaram a trajetória econômica do Brasil.
O processo de eleição, conforme detalhado no comunicado, passou por quatro fases, incluindo a indicação dos concorrentes pelos conselheiros federais, Conselhos Regionais de Economia e Comissão Mulher Economista e Diversidade da entidade. A ex-presidente saiu vencedora em uma votação secreta realizada pelo plenário do Cofecon, sendo a escolhida entre os três nomes mais votados.
Retrospecto
A seleção de Dilma como “Economista Mulher de 2023” desperta atenção devido ao seu histórico na economia durante seu período no Palácio do Planalto, entre 2011 e 2016, e como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil nos dois primeiros mandatos de Lula.
Submetida a um processo de impeachment aprovado pelo Congresso e referendado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) devido às chamadas “pedaladas fiscais” que maquiaram o resultado das contas públicas, Dilma conduziu o país à maior recessão da história em 2015 e 2016, com uma queda acumulada de quase 7% do PIB (Produto Interno Bruto) nesse período. Nem mesmo durante a Grande Depressão de 1929, a queda do PIB foi tão expressiva. Embora a recessão em 1981 e 1983 tenha sido significativa, a queda do PIB não ocorreu em dois anos consecutivos como no caso de Dilma, e o impacto da retração econômica foi atenuado pelo crescimento de 0,83% do PIB em 1982.
Dilma, tida como autora da frase “gasto é vida”, alvo de inúmeras ironias por parte de seus críticos, registrou os dois maiores déficits primários (saldos das receitas e despesas do governo, excluindo o pagamento dos juros da dívida) pelo menos desde o início do governo Collor. Ao final de sua gestão, em 2015 e 2016, os déficits atingiram 1,9% e 2,5% do PIB, respectivamente. Somente em 2020, durante o auge da pandemia, o déficit primário, atingindo 9,8% do PIB de acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional e do Banco Central, foi ainda maior.
Durante seu governo, Dilma tomou emprestados quase R$ 500 bilhões do Tesouro para os bancos públicos, especialmente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), sendo quitados durante a gestão de Paulo Guedes no extinto Ministério da Economia, no governo Bolsonaro. Com a suposta intenção de impulsionar a atividade econômica, que estava estagnada, os recursos eram captados pelo Tesouro a taxas de mercado e transferidos para os bancos públicos, que emprestavam os recursos para as empresas a taxas subsidiadas.
da redação com informações do Estadão