José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e membro do PT, condenado no escândalo do mensalão e na Operação Lava Jato, expressou sua opinião sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um evento da Esfera Brasil. Ele classificou o governo como de “centro-direita”, o que causou indignação em alguns círculos, especialmente dentro do PT.
Dirceu argumentou que o PP e uma parte do PL, de alguma forma, fazem parte da base do governo, refletindo as demandas do atual cenário histórico e político. Após a repercussão de suas declarações, a assessoria de imprensa do ex-deputado federal esclareceu que, na visão de Dirceu, o terceiro mandato de Lula é apoiado por “forças de direita”. A assessoria explicou que essa estratégia visa “consolidar uma maioria no Congresso e conquistar uma base social mais ampla”.
No mesmo evento, Dirceu analisou a atual polarização política no Brasil, atribuindo a radicalização e a polarização ao “fundamentalismo religioso” propagado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em manifestações recentes. Ele acredita que Lula não optou pela polarização ou radicalização, mas que o Brasil se encontra nessa situação devido ao discurso feito no Rio de Janeiro, que combinou fundamentalismo religioso com ataques à democracia.
Dirceu reiterou que o programa do governo Lula não é um “programa de esquerda” e destacou que o Brasil está se tornando um país de partidos políticos. Segundo ele, quem está liderando essa mudança não são os partidos de esquerda, mas os partidos de centro-direita.
Dirceu, que teve seu mandato cassado em 2005 por ser identificado como o líder do esquema de pagamento de propinas a parlamentares, conhecido como mensalão, não descarta uma candidatura a deputado federal em 2026. Ele afirmou que voltar à Câmara dos Deputados é uma “questão de justiça” e que tomará uma decisão sobre sua candidatura, juntamente com o PT, no segundo semestre do próximo ano.
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-deputado a dez anos e dez meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa. A acusação do Ministério Público Federal (MPF) que resultou na sentença considerou Dirceu como o “chefe da quadrilha responsável pelo esquema de compra de apoio político”. Conforme a Lei da Ficha Limpa, Dirceu está inelegível e não pode assumir cargos públicos.
da redação com informações do Estadão