Qual será o futuro da “Escolinha da CEMIG” em Sete Lagoas? Essa pergunta é feita por políticos, gestores e a população: subutilizada, a área passa por especulações e muitos debates, mas até agora, a indagação continua sem uma resposta convincente.
A UniverCEMIG vive uma situação de abandono e precarização. As primeiras denúncias surgiram em janeiro de 2022, através do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), da falta de conservação das instalações e equipamentos, além das péssimas condições de alojamento para quem está em formação, além da qualidade inadequada da alimentação. No mesmo ano, uma comissão de deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi até o local e constatou as condições precárias.
O local é um centro de treinamento de técnicos que trabalham na companhia energética. Em funcionamento desde 1967, a antes “Escolinha da CEMIG” já foi considerada referência nacional e internacional com seu padrão de qualidade. Porém, a situação é de desmanche de sua estrutura e a total incerteza de sua continuidade – já que boa parte do pessoal foi demitido, e o número de estudantes caiu drasticamente.
Movimentação política
A situação da UniverCEMIG foi assunto de uma comunicação do presidente da Câmara Municipal de Sete Lagoas Caio Valace (PDT), que afirmou estar realizando diversos contatos para garantir que o terreno de 280 mil metros quadrados retorne para o município. Em 1963, o então prefeito Jovelino Lanza assinou uma cessão de direito real de uso do espaço para que fosse construído o centro de formação. Agora, a intenção é que o terreno não vire um ativo numa possível privatização da CEMIG, defendida pelo governador Romeu Zema (Novo).
“Estamos fazendo uma verdadeira peregrinação, visitando todas as representações de entidades e sindicatos para buscar apoio no retorno do terreno da ‘escolinha da CEMIG’ para Sete Lagoas”, disse Caio. Será votado na próxima sessão ordinária uma indicação dos edis endereçada ao Governo de Minas com o desejo da retomada do terreno pela municipalidade.
Enquanto isso, já existe uma discussão de qual será a finalidade do espaço em caso de devolução. O desejo de Caio, enviado por nota para a imprensa, é que ali se torne o novo centro administrativo municipal – um pré-projeto já foi executado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em julho de 2022, porém o município não apontou o local para sua execução e quando isso seria feito.
Um outro uso desejado – mas com chances remotas de sucesso – é do local se tornar o campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG). No mês de março deste ano, logo após o anúncio que Sete Lagoas receberia uma unidade da instituição, uma comitiva composta pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT) e do reitor do IFMG Rafael Bastos Teixeira, tentou visitar a UniverCEMIG, mas encontraram os portões fechados.
CEMIG fala em “reformulação”
Procurada pela reportagem do SeteLagoas.com.br, a CEMIG se limitou a enviar uma nota onde o projeto de formação de técnicos passa por uma ‘reformulação’, sem responder os principais questionamentos.
Veja nota na íntegra:
“A Cemig informa que a UniverCemig funciona como centro de excelência técnica que promove e coordena ações de educação corporativa para todas as áreas e funções da Companhia (técnico-operacionais, negócios e liderança), com quadro de instrutores próprios dimensionado.
Todos os treinamentos obrigatórios e os essenciais para a plena execução das atividades continuam sendo ministrados normalmente para sua força de trabalho.
A instituição passa atualmente por uma reestruturação, com o objetivo de responder com prontidão ao dinamismo das demandas dos negócios e dos empregado [sic], observando boas práticas adotadas em outras empresas do setor aplicáveis ao contexto da companhia.
A Cemig acredita que essa reformulação é fundamental para o fortalecimento de sua força de trabalho para a prestação de serviços cada vez melhor para seus clientes.”
Filipe Felizardo