Quase cinco dias após iniciado, a justiça condenou os últimos quatro envolvidos no assassinato do então vereador de Funilândia Hamilton Dias de Moura, morto em 2020. O mandante do crime, o sindicalista e ex-vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista de Morais, recebeu a maior pena.
O resultado do júri, realizado na capital, foi conhecido na sexta-feira (2). Cada um dos condenados poderão recorrer a pena, mas em regime fechado. Eles já estavam no sistema prisional. Ronaldo, apontado como mandante e responsável por entregar o pagamento ao executor do homicídio através da investigação da Polícia Civil, foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão; Antônio Carlos Cesário, denunciado como um dos executores do crime, foi condenado a 22 anos e nove meses de prisão.
Leandro Félix Viçoso, indicado como o atirador, foi o único que confessou o crime, sendo condenado a 23 anos e um mês de prisão; e Fernando Saliba, acusado de apoiar a execução do crime, foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão.
A juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto absolveu Tiago Ribeiro de Miranda e Deborah Caetano Felix Aragão, citados na denúncia. Filipe Viçoso, outro envolvido, foi beneficiado pela transação penal e teve o processo criminal suspenso ainda na quinta-feira (1º). Este tipo de acordo é firmado com o Ministério Público para que se evite uma sentença condenatória, mediante o cumprimento de algumas medidas propostas pelo órgão.
O caso
Segundo as investigações, a motivação do crime envolve um desentendimento iniciado cerca de dez anos antes, quando Hamilton Moura e Ronaldo Batista, que faziam parte do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Belo Horizonte e Região (STTRBH), passaram para lados opostos. De acordo com a denúncia do Ministério Público, após Ronaldo assumir a presidência do sindicato, em 2011, Hamilton foi afastado. Ele constituiu um novo órgão de classe e passou exercer oposição ao STTRBH, cooptando membros da entidade.
Ronaldo perdeu receita e começou a ser alvo de ações judicias dos antigos associados, incentivadas pelo novo sindicato e por denúncias de Hamilton ao Ministério Público do Trabalho. As investigações concluíram que Ronaldo liderou uma organização criminosa, envolvida em fraudes e desvios de valores em sindicatos, e planejou o assassinato, junto com outros dois homens. O ex-vereador está preso desde outubro do ano passado.
Ainda segundo as investigações, os três contrataram um ex-policial penal e um policial militar para executar o crime, mediante pagamento de R$ 40 mil. A dupla passou a monitorar a rotina da vítima e, como Hamilton vendia lotes na cidade, fingiu estar interessada na compra. Além disso, usou um perfil falso de mulher nas redes sociais para marcar um encontro com o vereador.
Hamilton foi morto a tiros no dia 23 de julho de 2020, dentro do carro, próximo a uma estação de metrô, na Região Oeste de BH. Segundo a denúncia, o autor dos disparos foi o ex-policial penal, que contou com a ajuda de outro homem.
Os demais acusados tiveram participações diversas. Um deles foi contratado para adulterar o cano da arma, para que ela não fosse identificada em uma eventual perícia. Outro adulterou os vidros do veículo que os executores usaram no dia do crime. Uma mulher foi acusada de guardar e transportar a arma utilizada no homicídio.