Será inaugurado nesta quinta-feira (3) a exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”, na Praça da Estação de Curvelo, trazendo obras de artistas mineiros negros e indígenas, através do Memorial Minas Gerais Vale. A abertura acontece às 9h com a apresentação do Grupo de Seresta “Encontro com a Saudade”.

A mostra, que integra o projeto Memorial Vale Itinerante, leva arte contemporânea e reflexões sobre as heranças culturais indígenas e afro-brasileiras a 10 cidades mineiras em uma carreta de 15 metros de comprimento, especialmente adaptada para o transporte e a exibição das obras. Além da exposição, Curvelo receberá diversas atividades culturais e educativas durante o período que a mostra permanecerá na cidade, até o dia 13 de abril, funcionando de terça a sexta-feira, das 8h às 16h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h.
Com curadoria do Programa Educativo do Memorial Vale, a mostra utiliza a arte como ferramenta de diálogo e encontro, buscando aproximar o público de perspectivas importantes sobre a história coletiva: “O Memorial Vale acumula em sua trajetória muitas experiências e práticas que privilegiam as tecnologias e as histórias dos povos originários e afro-brasileiros no território mineiro, como a exposição itinerante Africanidades e Mineiridades, ações com aldeia indígena Katurãma dos povos Pataxó e Pataxó Hã hã Hãe, a instalação educativa Sementes da Diáspora, dentre outras. A exposição Oriará oferece uma oportunidade única de conhecer a produção artística contemporânea mineira e aprofundar o conhecimento sobre as culturas indígenas e afro-brasileiras”, explica Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale.
“Ori” é uma palavra que vem do yorubá, cujo significado literal é cabeça. É raiz da palavra Orixá, que designa divindades africanas cultuadas nos territórios brasileiros. Pode-se considerar que “Ori” se refere a um orixá que vive dentro das nossas cabeças, manifestando-se como uma faísca de vida que nos habita. “Ará”, conforme o dicionário tupi-guarani, tem alguns significados: dia, sol, nascer, surgir, todo ser vivente, tempo. “Oriará” abre caminhos para a transmissão de conhecimentos e compartilhamento de ideias, volta-se aos modos de vida e à própria presença dos povos indígenas e afro centrados.
Para traduzir o conceito da exposição Oriará, a curadoria estabeleceu três eixos fundamentais: Cotidianos, com reflexões sobre o modo de viver e meio em que se vive; (Re)Existências, com estratégias para viver e existir, e Futuros, com elaborações sobre um futuro abundante construído a partir da ancestralidade. Tais eixos representam distintos pontos de partida para as discussões e os diálogos propostos, relativos à força e à importância das presenças indígenas e afro-brasileiras na sociedade.

Obras e artistas
A exposição “Oriará” destaca a diversidade cultural de Minas Gerais por meio de obras artísticas que promovem reflexões sociais e preservam memórias ancestrais. Edgar Kanaykõ Xakriabá utiliza a fotografia para abordar cuidados e cultos indígenas, enquanto os Tikmũ’ũn denunciam a destruição ambiental com animações digitais e desenhos que valorizam saberes agrícolas. Froiid, com jogos de tabuleiro, e Marcel Dyogo, por meio de instalações com caixas, promovem diálogos sobre cultura periférica e resgate de histórias indígenas.
Artistas como Dayane Tropicaos e Jorge dos Anjos exploram questões identitárias e históricas em suas obras. Tropicaos reflete sobre gênero, raça e classe com uniformes e vídeos que criticam a invisibilidade social de populações subalternizadas, enquanto Jorge conecta o passado e o presente ao unir símbolos geométricos e escritas ancestrais em pinturas sobre lona, celebrando a genialidade técnica dos povos negros e suas redes de comunicação na diáspora.
O encerramento fica por conta do “Varal dos Saberes”, obra interativa que guia o público por perguntas, imagens e um mapa digital sobre povos indígenas e quilombolas de Minas Gerais. Com diversas perspectivas artísticas, “Oriará” não apenas conecta o presente ao passado, mas também celebra a riqueza cultural e os desafios enfrentados por comunidades tradicionais em tempos contemporâneos.
Exposição Oriará leva atividades culturais para Curvelo
A itinerância da Exposição Oriará – Arte e Educação em Movimento levará a Curvelo uma programação diversa e gratuita. Entre os dias 01 e 13 de abril, a cidade receberá encontros formativos, oficinas, apresentações culturais e visitas brincantes, todas conectadas à valorização da cultura afro-brasileira, quilombola e indígena. Todas as atividades acontecem na Praça da Estação, exceto os Encontros com Professores.
A programação começa com o Encontro com Professores, nos dias 1º ou 2 de abril, às 18h30, no Prédio da OAB (Av. Pedro II, nº 729, Centro). A atividade busca estimular a troca de experiências entre educadores e promover uma maior integração entre o Memorial Vale e a comunidade escolar. Durante o evento, os professores explorarão estratégias para incorporar as temáticas da exposição no cotidiano escolar. A atividade conta com a participação dos educadores Liliane Augusta Moreira e Gerson de Melo, ambos do Memorial Minas Gerais Vale. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (31) 98223-7433.

Nos dias 5, 6, 12 e 13 de abril, às 10h, acontece a “Visita Brincante”, que convida crianças a partir de quatro anos, adolescentes e seus acompanhantes a explorarem histórias das culturas negras e indígenas por meio de um percurso interativo e lúdico. A ação será realizada na Praça da Estação, sem necessidade de agendamento prévio, e contará com acessibilidade em Libras.
A programação também inclui a oficina “Máscaras Afrofuturistas”, inspirada no trabalho do artista Jorge dos Anjos, nos dias 5, 6 e 12 de abril, às 14h. Aberta a famílias com crianças a partir de seis anos, a atividade incentiva a reflexão sobre o afrofuturismo na arte e permite que os participantes criem suas próprias máscaras dentro dessa estética. A oficina contará com acessibilidade em Libras.
A música e a expressão corporal também fazem parte da programação. No dia 5 de abril, às 11h, o Mestre Andorinha e o Grupo de Capoeira Filhos de Dandara promovem uma Roda Aberta, apresentando estilos tradicionais e contemporâneos da capoeira, além de samba de roda e dança afro. Mais tarde, às 16h, a Banda Arautos da Apae de Curvelo sobe ao palco para um show que celebra a inclusão social por meio da música. A apresentação contará com acessibilidade em Libras.
No dia 12 de abril, às 11h, a Folia de Reis Estrela da Guia de Curvelo se apresenta na Praça da Estação, mantendo viva a tradição do louvor ao Menino Deus. Encerrando o dia, às 16h, o Grupo Forrozeando Curvelo anima o público com um show cheio de energia e tradição.
Todas as atividades da exposição itinerante “Oriará – Arte e Educação em Movimento” têm entrada gratuita. A iniciativa integra os projetos Gerais Cultura de Minas e Ações de Diversidade e Inclusão do Memorial Minas Gerais Vale, reafirmando o compromisso da instituição com a democratização do acesso à arte e à cultura.
SERVIÇO
ORIARÁ: ARTE E EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO
Obras de Edgar Kanaykõ Xakriabá, Aldeia Floresta Maxakali, Froiid, Marcel Dyogo, Dayane Tropicaos e Jorge dos Anjos, com curadoria e mediação do Programa Educativo do Memorial Minas Gerais Vale
Abertura: 03 de abril, quinta-feira, às 9h
Local: Praça da Estação
Visitação: de 03 a 13 de abril. Terça à sexta das 8h às 16h. Sábados e domingos das 10h às 18h.
Entrada franca
Mais informações: www.memorialvale.com.br
com informações de Memorial Minas Gerais Vale / Luz Comunicação