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A pesquisa que ela desenvolve teve origem em sua tese de doutorado, defendida há dois anos. Até então, grupos de pesquisa atribuíam ao bruxismo uma causa puramente mecânica. Em muitos casos, tem origem na infância, tais grupos associavam seu início à troca da dentição, quando se alteram a estrutura e a altura da arcada dentária. Durante o processo, a professora Júnia Serra-Negra considerava essa explicação simplista e insuficiente, suspeitando da influência de fatores emocionais e psicológicos.
Em parceria com o Laboratório de Avaliação das Diferenças Individuais (Ladi) do Departamento de Psicologia da UFMG, a professora comprovou cientificamente a sua desconfiança. Foram realizados testes psicológicos em 657 crianças de 7 a 11 anos e, paralelamente, examinado o quadro clínico dos dentes e aplicados questionários entre os pais. O cruzamento das informações demonstrou que os portadores de bruxismo tinham perfil semelhante: eram muito responsáveis, perfeccionistas e apresentavam alto grau de neuroticismo. “O excesso de responsabilidade e perfeccionismo em uma criança está diretamente ligado à forma como ela lida com a ansiedade e a raiva. Pode ser que guarde a raiva para si em vez de manifestá-la. A tensão acumulada é liberada pelo bruxismo”, explica a professora.