“Esta atenção é fundamental para proteger a nossa saúde e de nossas famílias. São cuidados simples que podem evitar todas estas enfermidades. Temos que estar conscientes da necessidade da prevenção”, alerta a coordenadora estadual de Vigilância em Fatores de Risco Não-biológicos, Maria Berenice Cardoso Martins Vieira.
Algumas medidas podem ser tomadas, inclusive antes mesmo das chuvas, como por exemplo, não jogar lixo nas ruas, em lotes vagos, quintais das casas ou riachos. “O lixo nas ruas entope as captações pluviais, como bueiros, bocas de lobo, possibilitando inundações e favorecendo a proliferação de vetores, principalmente os mosquitos e reservatórios de doenças. O lixo jogado nos córregos é capaz de represar a água e causar mais enchentes”, explica.
Outra atitude importante é proteger os alimentos, mantendo-os em vasilhas fechadas impedindo o contato com ratos, insetos e água contaminada. A manutenção do cartão de vacinas atualizado também é um forte elemento preventivo. “Isso pode evitar doenças como o tétano, por exemplo”.
Cuidados imediatos
De qualquer forma, em períodos chuvosos, quando a força das águas traz alagamentos e enchentes, é preciso tomar cuidados imediatos. Um deles é jamais usar água contaminada pelas enchentes para beber, lavar pratos, escovar os dentes, lavar e preparar alimentos ou fazer gelo. “É um comportamento que a princípio é óbvio. Mas nestas situações, é comum que o abastecimento de água tratada esteja comprometido e as pessoas acabam fazendo uso da água contaminada”, revela.
Existem três fontes alternativas em caso de não haver outra solução a não ser utilizar a água das chuvas e enchentes. “Temos três formas. Ferver a água durante um a dois minutos e depois ‘bater’ a água, passando de uma vasilha limpa para outra vasilha limpa; utilizar hipoclorito de sódio 2,5%, que é distribuído nas Unidades Básicas de Saúde, na proporção de duas gotas por litro de água e aguardar 30 minutos antes de consumir a água ou consumir água engarrafada, como é o caso da mineral”, ensina. Os cuidados valem mesmo para a água tratada, que deve ser armazenada em recipientes limpos e bem tampados.
“Evite andar com os pés descalços e caminhar em água de enchente, se possível não permitir que as crianças brinquem em áreas alagadas. Se necessário usar luvas e botas de borracha e, se não for possível, use sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e pés, impedindo o contacto da pele e de ferimentos com águas da enchente”, complementa Berenice.
Lama
A lama das enchentes pode causar várias doenças. As paredes, os pisos e todas as outras superfícies das casas devem ser lavados e desinfetados com água sanitária, sempre se protegendo com luvas, botas de borracha ou sacos plásticos duplos, amarrados nos pés e mãos. “Para um balde de 20 litros de água, 200 ml de água sanitária”, explica a técnica. Berenice ainda destaca que devemos tratar a água dos poços e promover a limpeza das caixas d’água.
A coordenadora diz ainda que na época das enchentes são comuns os cortes, arranhões e outros ferimentos. “Mantenha em dia o cartão de vacina e tome cuidado no momento da limpeza”. Já para controlar o aumento do número de mosquitos, elimine toda água parada existente em objetos como pneus, garrafas, vasos de plantas latas, entre outros.
Cuidado com os animais peçonhentos como cobras, escorpiões e aranhas, eles podem estar escondidos ao redor ou mesmo no dentro das casas, próximos a entulho, lixo e alimentos espalhados pelo ambiente. “As pessoas devem ainda evitar o contato direto com águas paradas, além de não encostar ou colocar as mãos em postes ligados à rede elétrica”.
Berenice Martins Vieira ainda recomenda que em caso de febre, dores de cabeça e no corpo, na panturrilha, mais conhecida como “batata da perna” e diarréias, que a pessoa procure uma Unidade Básica de Saúde mais próxima, o quanto antes. “Se houver alguma doença, podemos proceder com o tratamento mais precocemente e assim o paciente terá uma resposta mais rápida à medicação”, finaliza.