A África está prestes a declarar uma emergência de saúde pública devido ao surgimento de uma nova e mais agressiva variante do vírus da mpox.
Os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) devem anunciar que a mpox se tornou uma emergência de saúde pública em todo o continente, devido à rápida disseminação do vírus em vários países da região. O surto atual é mais preocupante que os anteriores, pois envolve uma nova variante, considerada pelos especialistas a mais perigosa até o momento.
No Brasil, em 2024, foram registrados 709 casos de mpox e 16 mortes, o que levou o Ministério da Saúde a convocar uma reunião para discutir a situação. Em comunicado, o ministério afirmou que pretende atualizar as recomendações e o plano de contingência para a mpox no país, ressaltando que a situação no momento apresenta baixo risco para o Brasil.
O que é mpox e onde ocorre?
A mpox, causada pelo vírus monkeypox, pertence à mesma família do vírus da varíola, mas geralmente é menos perigosa. Originalmente, o vírus foi transmitido de animais para humanos, mas atualmente circula também entre pessoas. A doença é mais comum em áreas remotas das florestas tropicais da África, especialmente na República Democrática do Congo, onde ocorrem milhares de casos e centenas de mortes anualmente, afetando principalmente crianças com menos de 15 anos.
Duas principais cepas do vírus circulam no mundo: a “clado 1”, endêmica na África Central, e a “clado 1b”, que inclui uma nova versão mais virulenta envolvida no surto atual. Segundo o CDC africano, foram detectados mais de 14,5 mil casos e 450 mortes por mpox entre o início de 2024 e o final de julho, representando um aumento de 160% nos casos e 19% nos óbitos em comparação com o mesmo período de 2023.
Embora 96% dos casos ocorram na República Democrática do Congo, a doença se espalhou para países vizinhos como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, onde normalmente não é endêmica. Uma cepa mais branda, pertencente ao “clado 2”, causou um surto global em 2022, atingindo quase 100 países, incluindo o Brasil, Europa e partes da Ásia.
Quais são os sintomas e como é transmitida?
Os primeiros sintomas da mpox incluem febre, dor de cabeça, inchaços, dores nas costas e dores musculares. Após a febre, surgem erupções cutâneas que geralmente começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, especialmente nas palmas das mãos e solas dos pés. As lesões, que podem ser bastante dolorosas e coçar, passam por diferentes estágios até formarem crostas que eventualmente caem, podendo deixar cicatrizes.
A infecção geralmente desaparece sozinha em 14 a 21 dias. Em casos graves, as lesões podem afetar todo o corpo, incluindo boca, olhos e órgãos genitais.
A transmissão ocorre através do contato próximo com uma pessoa infectada, inclusive por contato sexual, pele a pele, ou pela respiração próxima. O vírus pode entrar no corpo por feridas na pele, trato respiratório, ou através dos olhos, nariz ou boca. Também pode ser transmitido pelo contato com objetos contaminados, como roupas de cama ou toalhas, e pelo contato próximo com animais infectados, como macacos e roedores.
Durante o surto global de 2022, o vírus se espalhou principalmente pelo contato sexual. No atual surto na República Democrática do Congo, a transmissão parece estar ligada ao contato sexual, mas a doença tem sido diagnosticada em diferentes grupos.
Como é o tratamento?
Embora uma terapia desenvolvida para tratar a varíola possa ser útil para a mpox, ainda há pesquisas limitadas sobre sua eficácia. O controle dos surtos pode ser feito através da prevenção, principalmente com o uso de vacinas. Existem três vacinas disponíveis, mas geralmente são oferecidas apenas a pessoas em risco ou que tiveram contato próximo com uma pessoa infectada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda a vacinação em massa no momento e tem solicitado que as farmacêuticas realizem mais testes para avaliar a eficácia das vacinas contra as novas variantes do vírus. A OMS também está interessada em determinar se essas vacinas podem ser úteis em situações de emergência, mesmo que ainda não tenham sido formalmente aprovadas em todos os países onde possam ser necessárias.
com BBC Brasil