Na última semana (14) foi celebrado o Dia Mundial do Diabetes; uma oportunidade de reflexão e conscientização sobre os desafios enfrentados por pessoas que convivem com a doença. Segundo Dra. Andréia Vasconcelos Aguiar Santos, endocrinologista pediátrica do Hospital Nossa Senhora das Graças, o foco deste ano é o impacto do diabetes no bem-estar físico e mental. “Milhares de pessoas com diabetes têm qualidade de vida aquém do que poderiam devido à ansiedade, depressão, burnout e estigmatização”, afirma.
A especialista ressalta a importância de ações coletivas para melhorar a vida das pessoas com diabetes. “Neste novembro, vamos pensar sobre o que cada um de nós pode fazer para favorecer uma vida melhor para as pessoas que têm diabetes! E todos nós podemos atuar nisso”, conclui.
Principais mitos sobre diabetes infantil
Embora o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 cause impacto inicial, é comum que pais e responsáveis sejam tomados por mitos e preocupações infundadas.
“O mito mais recorrente é o da dificuldade de cicatrização”, explica Dra. Andréia. “Os pais quase invariavelmente perguntam: ‘Doutora, agora ele não pode mais machucar, não é? As feridas não vão sarar!’. Porém, isso só ocorre em casos de descontrole glicêmico de longa evolução. Crianças recém-diagnosticadas não apresentam essa dificuldade.”
Diabetes infantil: cuidados redobrados e a rotina dos pais-pâncreas
O diabetes infantil, em sua maioria do tipo 1, exige atenção constante e disciplina. “Os cálculos que o pâncreas faria automaticamente precisam ser realizados pelos pais”, explica a endocrinologista. A rotina inclui medir glicemia, contar carboidratos e administrar insulina.
“O maior e mais temido risco é a hipoglicemia, que ocorre abruptamente, gerando sintomas como alteração do estado mental, crises convulsivas e, em casos extremos, coma. Isso tudo em um cérebro em formação, potencializando os danos”, destaca a especialista.
Apesar dos desafios, os avanços no tratamento proporcionam maior liberdade e qualidade de vida. “Hoje, com a contagem de carboidratos, a criança pode escolher o que comer, e a insulina é ajustada para evitar picos glicêmicos”, completa.
“Diabetes é um diagnóstico para a vida, e a vida precisa ser boa todos os dias”,
Prevenção do diabetes tipo 2 e o cuidado com o pré-diabetes
A prevenção do diabetes tipo 2, comum em adultos, também deve ser incentivada desde cedo. “Alimentação saudável, atividade física e um estado mental positivo são fundamentais. Estresse crônico eleva hormônios como o cortisol, que aumenta a glicemia e o estado inflamatório do corpo”, alerta Dra. Andréia.
Para pessoas pré-diabéticas, a adoção de hábitos saudáveis é a melhor forma de evitar a evolução para o diabetes.
Uma reflexão final sobre o cuidado com o diabetes
O acompanhamento de uma criança com diabetes requer mais do que conhecimento técnico. É necessário compaixão e compreensão.
“Diabetes é um diagnóstico para a vida, e a vida precisa ser boa todos os dias”, reflete Dra. Andréia. “É preciso compreender o luto pela perda da liberdade, a culpa, a negação e o desespero de quem faz tudo certo e não alcança o controle ideal.”
Com essa perspectiva, a médica ressalta que o papel dos profissionais de saúde vai além da busca por um corpo saudável, abrangendo também a promoção de uma vida plena e feliz.
Mas o que é o diabetes?
O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela incapacidade do corpo de produzir ou usar adequadamente a insulina, um hormônio essencial para transformar a glicose em energia. Isso resulta em níveis elevados de açúcar no sangue, que, sem controle, podem causar complicações graves. Há diferentes tipos de diabetes, sendo os principais o tipo 1, autoimune, e o tipo 2, associado a fatores como obesidade e sedentarismo. O tratamento envolve controle alimentar, atividade física, medicamentos e, em alguns casos, aplicação de insulina. Com manejo adequado, é possível ter uma vida saudável e ativa.
Fatores de risco no diabetes infantil e em adultos
- Transtornos Metabólicos: Aterosclerose, hipertensão e danos na circulação.
- Complicações Osteometabólicas: Como a osteoporose.
- Outros Riscos: Insuficiência renal, danos na retina e neuropatia.
Como apoiar crianças com diabetes?
- Disciplina: Rotina alimentar, física e medicamentosa.
- Suporte Emocional: Combater o estresse e proporcionar segurança.
- Tecnologia: Uso de dispositivos para monitoramento e aplicação de insulina.
A conscientização e o apoio são essenciais para garantir que crianças com diabetes tenham uma infância saudável e uma vida plena!