Novos dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil está próximo de alcançar a meta de vacinação contra o HPV, causador do câncer de colo de útero. Em 2023, quase 85% do público-alvo foi vacinado, com uma cobertura superior a 96% entre adolescentes de 14 anos. No entanto, a imunização de crianças de 9 anos ainda não atingiu a meta desejada, com menos de 69% delas vacinadas.

O câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente e a quarta principal causa de morte entre mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos casos e 7 mil óbitos anuais. O Ministério da Saúde tem como meta atingir 90% de cobertura vacinal no público de 9 a 14 anos. Para alcançar esse objetivo, é necessário aumentar a imunização, especialmente entre meninos, cuja vacinação, desde o início do programa em 2014, foi 24,2 pontos percentuais inferior à das meninas.
Embora o câncer de colo de útero seja a complicação mais conhecida do HPV, o vírus também pode causar cânceres no pênis, ânus, boca e garganta. A principal forma de transmissão é sexual, por isso a imunização dos meninos é fundamental para evitar a disseminação do vírus.
De acordo com Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a retomada da vacinação nas escolas foi crucial para o aumento das coberturas. Ele destacou que o público-alvo foi definido para garantir a imunização antes do início da vida sexual, quando o contato com o vírus é mais provável.
Gatti também se manifestou sobre os equívocos em torno da vacina contra o HPV, que foi alvo de suspeitas infundadas de eventos adversos. “É uma vacina com tecnologia avançada, com alta eficácia e segurança, sem alterações orgânicas importantes. Agora aplicada em uma única dose, facilita ainda mais a operação”, afirmou. Ele ressaltou que a vacina é uma ferramenta vital na luta para eliminar o câncer de colo de útero.
No II Simpósio sobre a Eliminação do Câncer do Colo de Útero, Gatti anunciou que o PNI iniciará uma busca ativa para vacinar jovens de 15 a 19 anos que ainda não receberam a imunização. Estima-se que quase 3 milhões de pessoas dessa faixa etária não tenham sido vacinadas, representando 21% da população dessa idade. Os estados com maior porcentagem de não vacinados são Rio de Janeiro, Acre, Distrito Federal, Roraima e Amapá.
Gatti também destacou a importância de estratégias direcionadas para municípios com baixa cobertura vacinal, considerando as diferenças de acesso à saúde no país. “No SUS, temos grandes cidades com boa infraestrutura, mas também áreas periféricas e regiões de difícil acesso, como a Amazônia. Precisamos de soluções logísticas para vacinar todos”, explicou.
Ele ainda ressaltou o papel da comunicação, destacando a importância de conscientizar os jovens sobre a vacina. “Precisamos deixar claro: é uma vacina contra o câncer que salva vidas”, afirmou. Além disso, reforçou a importância da vacinação nas escolas, já que os adolescentes têm menos acesso aos postos de saúde.
Da Redação com Hoje em Dia