Descansar por alguns minutos após o almoço não é apenas um costume popular, mas também um hábito que pode trazer benefícios à saúde. Em diversos países, como a Espanha, a chamada “siesta” faz parte da cultura, enquanto nos Estados Unidos, segundo a National Sleep Foundation, um terço dos adultos pratica o cochilo diurno. Mas até que ponto essa pausa no dia é benéfica?

De acordo com o neurologista Fidel Meira, médico cooperado da Unimed-BH e presidente do Capítulo Minas Gerais da Academia Brasileira de Neurologia, o descanso breve após o almoço pode melhorar a atenção, reduzir a fadiga e até contribuir para a saúde cardiovascular. “Sestas curtas ajudam a diminuir a pressão arterial, além de potencializarem os efeitos benéficos de uma dieta equilibrada, como a mediterrânea”, explica.
Pesquisas reforçam os efeitos positivos da prática. Um estudo da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, apontou que um cochilo à tarde pode melhorar a concentração e favorecer a recuperação mental. Já uma publicação do “Harvard Health Publishing” destacou que os cochilos auxiliam na redução da sonolência e no aprimoramento da memória, efeito comprovado em laboratório.
Outra pesquisa, conduzida pela University College London em 2023, revelou que pessoas que dormem regularmente durante o dia tendem a apresentar maior volume cerebral. Os cientistas sugerem que essa prática pode atuar como fator de proteção contra o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.
O tempo ideal para o cochilo
Apesar dos benefícios, especialistas alertam que a duração da soneca é um fator crucial. Segundo Fidel Meira, o ideal é que o cochilo não ultrapasse 30 minutos. “Esse período é suficiente para melhorar o desempenho cognitivo sem causar a chamada ‘inércia do sono’, sensação de cansaço ao despertar”, afirma. Além disso, o horário mais indicado para essa pausa é no início da tarde, antes das 13h, momento em que o corpo naturalmente apresenta uma queda de energia.
O risco de dormir demais
Se por um lado um breve cochilo pode ser benéfico, sonecas prolongadas podem ter o efeito contrário. Estudos indicam que períodos de sono diurno superiores a 60 minutos estão associados a um maior risco de doenças cardiovasculares, metabólicas e declínio cognitivo. Além disso, cochilar próximo ao horário noturno pode prejudicar o sono regular.
Fidel Meira alerta que, se a necessidade de cochilar se tornar excessiva ou acompanhar sinais como cansaço ao acordar e dificuldades para dormir à noite, pode ser indicativo de distúrbios do sono, como apneia, ou até de condições médicas, como depressão. “Nesses casos, é importante procurar orientação médica para ajustar o hábito de forma saudável”, recomenda.
Como cochilar de maneira saudável
- Horário adequado: a melhor hora para o cochilo é no início da tarde, quando o corpo passa por uma queda natural de energia. Evitar sonecas no fim do dia é essencial para não comprometer o sono noturno.
- Duração controlada: um cochilo de 20 a 30 minutos é o suficiente para revitalizar sem provocar sonolência excessiva.
- Ambiente confortável: buscar um local tranquilo e livre de distrações melhora a qualidade do descanso.
Embora o cochilo diurno seja visto como um aliado da saúde, seu impacto depende da duração e do momento em que ocorre. Se feito corretamente, pode ser um hábito simples, mas poderoso, para manter a mente e o corpo em equilíbrio.
Da Redação com informações de “Harvard Health Publishing”