O Ministério da Saúde emitiu, no domingo (2/2), um alerta sobre a alta nos casos de febre amarela em Minas Gerais e em outras três unidades da federação: São Paulo, Roraima e Tocantins. Segundo o relatório, foram identificados nove casos em humanos e 33 em primatas em todo o país. Diante desse cenário, a pasta encaminhou às Secretarias de Saúde uma nota técnica com orientações para reforçar o combate à doença.
O infectologista Carlos Starling destaca que este é um momento de atenção à morte de macacos em áreas florestais e à identificação de casos suspeitos em pessoas. “Não se trata de uma emergência extrema, mas é fundamental manter a vigilância”, explica. Ele reforça que a vacinação é essencial na prevenção.
Casos confirmados em Minas Gerais
O primeiro registro de febre amarela em Minas em 2025 foi confirmado em 8 de janeiro pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O paciente é um homem de 65 anos, morador de Camanducaia, no Sul de Minas, e a suspeita é de que tenha sido infectado em seu sítio, próximo ao município de Itapeva.
Devido à disseminação da doença entre animais, a região foi classificada como “área de epizootia”. Além desse caso, foram confirmadas infecções em primatas em Ipuiúna e Toledo, também no Sul de Minas.
São Paulo concentra maioria dos casos
O alerta do governo aponta que São Paulo lidera o número de registros, com 27 casos em macacos e sete em humanos. Quatro pessoas perderam a vida, todas sem histórico de vacinação. Para conter o avanço da febre amarela, o estado já recebeu um milhão de doses da vacina em janeiro e deve receber mais 1,8 milhão no início de fevereiro, sendo 800 mil extras.
Já Roraima e Tocantins registraram apenas contaminação em primatas. Em Palmas (TO), foram dois casos, enquanto Alto Alegre (RR) registrou um.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais ainda não se pronunciou sobre as medidas que serão adotadas para combater a doença no estado.
Vacinação é a principal estratégia de prevenção
Apesar de Belo Horizonte não ter casos confirmados da doença em 2025, a prefeitura reforça a importância da imunização. A cobertura vacinal na capital está em 91,8%, abaixo da meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde.
“A vacina contra febre amarela é segura e utilizada desde 1937, tendo salvado inúmeras vidas. Em 2017, por exemplo, um município mineiro conseguiu evitar um surto ao vacinar sua população logo após os primeiros sinais de alerta”, destaca Carlos Starling.
A imunização está disponível gratuitamente em todos os 153 centros de saúde da cidade e no Serviço de Atenção à Saúde do Viajante. No calendário vacinal, crianças de nove meses a quatro anos devem receber duas doses. Para adultos de até 59 anos, a vacinação é feita em dose única. Já pessoas acima de 60 anos só podem receber o imunizante após avaliação médica.
Além disso, quem pretende viajar para áreas com circulação ativa do vírus deve se vacinar pelo menos 10 dias antes da viagem.
Entenda a febre amarela
A febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes, sendo mais frequente entre dezembro e maio. Os sintomas incluem febre, dores no corpo, náuseas e vômitos. Casos mais graves podem levar à morte em até 50% dos pacientes.
Macacos são importantes para o monitoramento da doença, pois indicam a circulação do vírus, mas não transmitem a febre amarela. Desde 1942, o Brasil não registra casos urbanos, transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. Todos os registros desde então ocorreram em áreas rurais ou de mata.
Entre 2014 e 2023, o país contabilizou 2.304 casos humanos de febre amarela, com 790 óbitos. Em Minas Gerais, o período mais crítico foi entre 2016 e 2018.