Todo o processo foi orientado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HNSG, CIDHOTT. Todo hospital no Estado de Minas Gerais que possui UTI, mais de 60 leitos deve ter sua comissão, que fica encarregada da notificação dos casos de morte encefálica para a central de transplantes (CNCDO) e pelo trabalho de abordagem junto às famílias para solicitar a doação.
“Na doação de órgãos, o suporte técnico e qualificado da Unidade de Terapia Intensiva e envolvimento de uma equipe multi-profissional também são os grandes diferenciais para o êxito da ação.”, afirma Patrícia Corrieri, enfermeira da CIDHOTT do HNSG. Os protocolos clínicos a serem seguidos nos casos da doação de órgãos são criteriosos e essenciais e começam a partir da suspeita da Morte Encefálica do Paciente seguindo todo um cronograma de atividades até uma doação efetiva. (Figura). “E todos os processos devem ser feitos em paralelo a um acolhimento da família, cuja conscientização sobre todos os passos são muito importantes”, complementa Patrícia.

Importância da conscientização – Rosilene Moreira, irmã da doadora, atribui a decisão de doação dos órgãos da irmã à conscientização por parte de todos os membros da família do interesse da paciente em ser uma doadora de órgãos. “Ainda em vida minha irmã comentava sobre seu interesse em poder ajudar outras pessoas através da doação de seus órgãos caso acontecesse algo a ela. Era um assunto que conversávamos em casa e todos nós pensamos da mesma maneira”, conta.
Esta postura de diálogo e conscientização, segundo Dr. Aloísio Nascimento, coordenador da UTI do HNSG, deve ser o mais incentivado entre todas as famílias. “Ainda há muito medo de se falar da morte em vida. E , em situações como a constatação de morte encefálica de um paciente, a insegurança dos familiares em tomar a decisão de doar seus órgãos ou não se dá em grande parte ao desconhecimento do desejo daquela pessoa.”, afirma.
Neste último mês, a doação de órgãos tem sido pauta dos veículos de comunicação em todas esferas com diferenciados enfoques. Essas informações, aliadas às ações pontuais em Hospitais – através de suas CIDHOTTS – e por instituições governamentais, permitem mudanças no cenário de doação de órgãos. O Complexo MG Transplantes, da Rede Fhemig, é a segunda no país em captação, bateu recorde em 2008 com 2180 transplantes e a fila de espera por um órgão ou tecido em novembro caiu de 4.095 para 3.967.
Outras ações da CIDHOTT no HNSG – além do trabalho de identificação de possíveis doadores, são realizadas ações constantes de conscientização tanto dos profissionais que trabalham na Instituição quanto de pacientes que serão potenciais doadores e receptores. Em 2009 estão programadas campanhas internas com palestras, distribuição de materiais e abordagem de setores estratégicos para garantia do êxito das ações que envolvem a doação de órgãos. Assim como a reciclagem dos profissionais através da participação em cursos específicos.
Nesta semana, pacientes e familiares do setor de Hemodiálise do HNSG também são foco de ações da CIDHOTT, que programou um ciclo de encontros com participação de profissionais do MG Transplantes para discussão e orientação sobre o assunto. Em 2007, 2,7% dos pacientes dependentes de terapia renal substitutiva em tratamento no HNSG foram transplantados e em 2008 o índice alcançada foi de 6,8%. “A exemplo da doação, a participação da família no entendimento sobre o processo de receber órgão é muito importante, por isso a promoção destes encontros.”, finaliza Patrícia.
Bruna França – Coordenadora de Comunicação do Hospital Nossa Senhora das Graças