Noticiário pesado. Tentativas de golpe cada vez mais elaboradas. Tiroteios dentro das escolas. Tragédias ambientais e humanas. A avalanche de episódios negativos – muitos deles catastróficos – não somente assusta. Impõe quase um estado de alerta constante, desencadeando estresse, ansiedade e ainda alimentando pensamentos e sentimentos que adoecem a mente e o corpo.
Otorrinolaringologista com abordagem sistêmica do paciente, Dário Antunes Martins diz que a angústia é o principal fator de adoecimento humano. “Favorece a liberação do hormônio do estresse, o cortisol, que leva à queda da imunidade, sujeitando o corpo a infecções, tumores e a uma série de outras doenças”, alerta.
No coração, principal órgão do corpo humano, os reflexos são o aumento dos batimentos cardíacos. No intestino, onde é produzido 90% da serotonina – neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e prazer – pode haver diarreia ou constipação. Fragilizado, o estômago também sofre com a redução da capacidade de proteger-se contra o suco gástrico. Resultado: gastrite.
“Interessante é que a percepção individual do corpo sobre cansaço ou estados de depressão é diferente da observação do outro. Normalmente, a pessoa não sente que está adoecendo, o que aumenta a responsabilidade de familiares e também dos amigos”, observa o médico.
Isolamento e depressão
Doutora em medicina molecular, a psicóloga Mayra Brancaglion, da clínica Sentir Mulher, em Belo Horizonte, explica que sentimentos negativos podem levar a um estado de desconfiança generalizada, que, por sua vez, desencadeia isolamento e, consequentemente, depressão.
“Uma pessoa triste, deprimida, terá pouca energia para criar vínculos com outra. Nesses quadros, é comum o isolamento e a ocorrência, inclusive, de uma falta de empatia não proposital”, comenta.
Terapeuta ayurvédico, co-fundador do Instituto EntreSer, em Belo Horizonte, Marcus Fonseca vai além. Professor de yoga, meditação e filosofia, diz que o segredo está numa mudança de chave.
“O mundo está melhorando ou piorando? Às vezes parece uma coisa, às vezes, outra. No fundo, é uma questão de como o percebemos. Mudar o foco do ruim influencia bastante. Precisamos tomar consciência do poder das nossas ações”, enfatiza.
Coach e terapeuta de saúde emocional, Xanda Fogaça compartilha da opinião. Terapeuta ayurvédica, reforça que o corpo está totalmente interligado e que, portanto, é impossível dissociar o que pensamos e sentimos do que expressamos fisicamente.
“Existem emoções que não são digeridas. Isso traz consequências emocionais e físicas para mente e corpo. Se não cuidamos desse contexto, automaticamente nossos processos emocionais ficam comprometidos, assim como nossa saúde”, detalha.
Além disso:
O otorrinolaringologista Dário Antunes diz que é preciso nos adaptarmos à rotina moderna para evitarmos a somatização, no corpo, de sentimentos ruins que experimentamos no dia a dia. A “receita”, segundo ele, inclui prática de atividade aeróbica e de exercícios de terapia ocupacional.
“Uma corrida ou caminhada geram sofrimento, dor física e ajudam na liberação de endorfina, dopamina e serotonina. Por outro lado, atividades como pedalar em grupo, tocar violão, dançar, pintar ou fazer artesanato promovem uma espécie de limpeza cerebral. São atividades que fazemos sem compromisso com resultado e que ajudam a nos desligar”, explica.
Cada pessoa pode manifestar tensões emocionais de diferentes formas no corpo físico. Alguns sintomas recorrentes de doenças psicossomáticas são dor e queimação estomacal, irritações e inflamações de garganta, dores musculares, alergias de pele sem motivação aparente, dores de cabeça, alteração do equilíbrio e formigamentos.
Da Redação com HD