A taxa de letalidade da covid-19 no Brasil é três vezes menor do que a registrada na Itália, de acordo com levantamento com base nos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que divulga relatórios diários sobre a doença provocada pelo novo coronavírus.
Até a última segunda-feira (30), o Brasil tinha informado à autoridade máxima de saúde no mundo 3.904 casos de covid-19, com 114 mortes. Isso representa uma taxa de mortalidade de 2,92%. Na prática, de cada cem pessoas que pegam o vírus, 3 morrem no país.
A Itália havia confirmado oficialmente 97.689 casos da doença até ontem, com 10.781 mortes. Com isso, a taxa de letalidade entre os italianos chega a 11,03% — na prática, de cada cem pessoas que ficam doentes, 11 não resistem aos efeitos da covid.
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital Israelita Albert Einstein, ambos de São Paulo, a taxa de letalidade menor da doença no país se explica, principalmente, pelo isolamento social.
— A gente tem dois aspectos fundamentais que explicam isso. Primeiro, tivemos a possibilidade de preparar as UTIs para receber essas pessoas e conseguimos atender prontamente, neste momento. A assistência de saúde, até agora, tem sido qualificada. E a capacidade de atender a essas pessoas tem a ver diretamente com o isolamento social.
O infectologista também destaca o tratamento da covid-19 com uma combinação de cloroquina com um antibiótico.
— Segundo, que também temos a nosso favor a possibilidade de muitos serviços já terem iniciado o protocolo experimental do uso combinado da azitromicina, que é um antibiótico com ação anti-inflamatória, e a cloroquina, que é antirreumático e usado para malária, com bons resultados.
Porém, o médico é enfático ao reforçar a necessidade de isolamento social para que as unidades de atendimento continuem prestando o socorro devido aos infectados.
— De fato, a letalidade aqui está sendo menor por aqui, a gente quer perder menos vidas, e para isso a gente precisa das pessoas e precisa manter o isolamento social. Reforço isso.
Para efeito de comparação, e, nos Estados Unidos, onde a doença caminha a passos largos, a letalidade está em 1,7%. Até agora, 122,6 mil americanos testaram positivo para a covid-19, com 2.112 mortes confirmadas.
Os hospitais norte-americanos enfrentam dificuldades no atendimento, uma vez que o fluxo de pessoas que os procuram aumentou muito nos últimos dias. Há até um navio-hospital da Marinha com mil leitos e 12 salas de cirurgia ancorado em Nova York.
A taxa média mundial é de 4,77%. Oficialmente, segundo a OMS, são 693.224 casos de covid-19 registrados no mundo até ontem, com 33.106 mortes.
Vale lembrar que, para chegar ao cálculo da taxa de letalidade, a quantidade de pessoas que fez o teste para covid-19 influencia o cálculo final. Há um número representativo de subnotificações, ou seja, pessoas que têm a doença, mas estão assintomáticas e/ou não fizeram o teste. Por isso, não constam dos dados oficiais.
Só na China, estima-se que 86% dos doentes não entraram nas estatísticas porque não fizeram o teste.
Outro fator é a idade dos pacientes. a população italiana é mais idosa que a brasileira. Um em cada quatro moradores da Itália tem mais de 60 anos, enquanto, no Brasil, cerca de 13% se encaixam nessa faixa etária. No caso do Brasil, como explica Dr. Jean, o fato de a idade média da população ser menor do que na Itália também faz com que a taxa de letalidade seja menor por aqui.
Casos de covid-19
O Brasil registrou o primeiro caso da doença no dia 25 de fevereiro (a OMS tabulou esse dado no dia 27, dois dias depois). Mais de um mês depois, o país tem agora 3.904 casos da covid-19.
Já a Itália já diagnosticou 97.689 habitantes com a doença e os Estados Unidos, novo foco da pandemia, já tem pelo menos 122.653 pessoas com a enfermidade.
Mortes por covid-19
Se, por um lado, a taxa de letalidade da doença no Brasil está abaixo daquela registrada na Itália, o ritmo de mortes está levemente mais acelerado nos primeiros dias com óbitos.
O Brasil teve o primeiro óbito por covid-19 registrado em 17 de março — a OMS computou esse óbito dois dias depois.
Desde então, a quantidade de pessoas que não resistiram aumentou e o país registrou 114 ontem, 12 dias depois do primeiro registro.
Para efeito de comparação, a Itália teve 107 mortes após o mesmo intervalo de tempo, e os Estados Unidos, 41.
Da Redação com R7