Conheça os desafios e potencialidades de quem convive com o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade e como o tratamento pode fazer a diferença na qualidade de vida.
O filme “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” conta a história de uma mulher sobrecarregada com sua rotina diária que é convocada para salvar o multiverso da destruição, em meio a batalhas e conflitos em um mundo alternativo. Durante essa jornada, ela descobre diferentes versões de si mesma e aprende a lidar com as decisões que cada uma de suas personalidades distintas toma em suas próprias realidades.
O filme foi o grande vencedor da 95ª edição do Oscar e é um dos poucos que representam a realidade vivida por portadores do TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade), condição que afeta mais de 5% da população global.
Segundo especialistas, o TDAH é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por comportamentos hiperativos, impulsivos e de desatenção crônica. As pessoas com esse distúrbio tendem a sofrer de desorganização física e mental, impaciência e excesso de esquecimentos. A mente de um portador de TDAH, na maioria das vezes, não consegue filtrar estímulos e recebe todas as informações a que é exposta ao mesmo tempo.
Essas pessoas apresentam uma menor atividade do córtex pré-frontal, que é o principal responsável pela regulação dos comportamentos. “No geral, esses indivíduos sofrem de desatenção, perda de foco atencional e têm dificuldades em prestar atenção em qualquer atividade que não desperte seus interesses” explica a mestre em relações interculturais e especialista em terapia cognitivo-comportamental Renata Borja.
A vida de alguém com TDAH tem vários desafios, mas também potencialidades, pois essas pessoas costumam ter um hiperfoco, assim como uma grande capacidade de treinar habilidades. No entanto, é comum que pacientes adultos de TDAH desenvolvam outros transtornos de humor, como ansiedade, crises de pânico, irritabilidade e depressão.
“É quase uma regra e não uma exceção que pessoas com esse diagnóstico sofram também com outros quadros psiquiátricos. Muitas vezes porque a própria falta de atenção e procrastinação gerados pelo TDAH faz com que a pessoa acabe desenvolvendo uma auto imagem muito negativa. Tudo isso leva a uma maior predisposição ao desenvolvimento de outros quadros, como a depressão, ansiedade e transtorno disfórico pré-menstrual, insônia e até mesmo o uso de drogas” conclui a psiquiatra e mestre em medicina molecular Christiane Carvalho Ribeiro.
Segundo especialistas, os sintomas do TDAH geralmente se manifestam na infância e podem persistir ao longo da vida adulta, afetando diversas áreas, como relacionamentos, trabalho e saúde mental. A falta de cuidados pode levar a problemas como dependência química, enquanto a impulsividade e procrastinação podem gerar conflitos e impactar negativamente a carreira.
A fonoaudióloga Aline Lamas Lopes, que também possui TDAH, relata as dificuldades em gerenciar seu tempo e manter a organização, além de sofrer com insônia e exaustão.
“Não consigo gerir meu tempo, chego atrasada com frequência nos lugares, perco objetos com facilidade e meus pensamentos estão sempre acelerados. Tenho problemas para iniciar o sono e mesmo quando durmo, parece não ser reparador. Me sinto sempre exausta no final do dia. Manter a organização parece ser uma missão quase impossível”, expõe ela.
No entanto, é possível alcançar a remissão dos sintomas com tratamento adequado. Especialistas enfatizam a importância de desenvolver estratégias funcionais para uma vida mais saudável e podem testemunhar como o TDAH pode ser transformado em um diferencial que promove resiliência e desenvolvimento pessoal.
Da redação, Djhessica Monteiro.
Fonte: O Tempo.