A segunda edição do relatório do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) acende um alerta preocupante sobre a saúde dos jovens no Brasil. O objetivo do relatório é gerar dados sobre os fatores de risco relacionados a condições crônicas não transmissíveis.
Entre os jovens brasileiros com idades entre 18 e 24 anos, os números revelam um cenário alarmante. Cerca de 40,3% deles estão com excesso de peso, sendo a soma de pessoas com sobrepeso e obesidade. O relatório aponta que a obesidade nesta faixa etária aumentou em 90%, saltando de 9% para 17,1%.
Além disso, 31,6% dos jovens já receberam diagnóstico médico de ansiedade, enquanto 14,1% foram diagnosticados com depressão. Outro dado preocupante é que 32,6% relataram episódios de consumo abusivo de álcool, que consiste em quatro doses ou mais para mulheres e cinco doses ou mais para homens em uma mesma ocasião.
Os jovens também apresentam hábitos alimentares prejudiciais à saúde.
São o grupo que menos consome frutas, verduras e legumes, enquanto lideram o consumo de refrigerantes e sucos artificiais. Apenas 36,9% deles praticam os 150 minutos semanais de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ademais, são os que mais passam tempo utilizando dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets ou televisões, com 76,1% utilizando esses aparelhos por três horas ou mais diariamente para lazer.
O relatório também revela que 8,2% dos jovens já receberam diagnóstico médico de hipertensão arterial, o que corresponde a cerca de 1,4 milhão de pessoas.
Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, destaca que as consequências da pandemia, que afetaram hábitos, diagnósticos e tratamentos, aliadas à constatação de que os jovens não estão cuidando de sua saúde adequadamente, são um importante alerta para os futuros desafios dos sistemas de saúde.
Além dos dados específicos sobre os jovens, o relatório apresentou uma visão geral dos brasileiros. Os entrevistados responderam perguntas sobre percepção geral de saúde, prática de atividade física, hábitos alimentares, saúde mental, prevalência de hipertensão arterial e diabetes, além do consumo de álcool e tabaco.
Os números gerais também são preocupantes. Menos da metade dos entrevistados (45,5%) consome verduras e legumes cinco vezes ou mais por semana. A faixa etária que mais consome é a dos mais velhos, com 65 anos ou mais.
Os dados também indicam que apenas 31,5% dos brasileiros praticam pelo menos 150 minutos de atividade física, sendo os homens mais ativos do que as mulheres. A inatividade física é um fator preocupante, uma vez que causa mais de 5 milhões de mortes por ano em todo o mundo.
O relatório revela que 12,7% dos brasileiros já receberam diagnóstico médico de depressão e 26,8% de ansiedade. Por outro lado, quase 60% dos entrevistados afirmaram que dormem o tempo recomendado para a sua idade e têm um sono de qualidade, o que é considerado um ponto positivo.
O Covitel foi desenvolvido pela Vital Strategies, uma organização global de saúde pública, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O projeto recebeu financiamento da Umane e contou com o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O inquérito telefônico tem como objetivo fornecer informações sobre fatores de risco relacionados a doenças crônicas não transmissíveis em tempos de pandemia.
Da redação
Fonte: G1