Um dos assuntos mais comentados na internet nesta semana foi uma postagem em que uma jovem afirma ter aprovado o uso de um suplemento alimentar para melhorar a concentração e a produtividade nos estudos. Um tema que divide opiniões e atraiu a atenção da cientista Gabriela Bailas.
Mais de 2.000 pessoas comentaram sobre o assunto, dividindo-se sobre o assunto. Houve quem concordasse com os efeitos positivos do suplemento (ou ‘vitamina”, como é popularmente conhecido), como também quem criticasse a divulgação de algo sem eficácia comprovada.
O produto, fabricado por uma emrpesa fundada em fevereiro de 2022 em Campinas e à venda em uma das maiores redes de drogarias do país, não deixa claro na embalagem quais são as substâncias presentes em sua fórmula. Mas, na internet, é possível verificar que o suplemento conteria Glutâmico, L-Fenilalanina e Bitartarato de Colina, prometendo melhora na concentração.
? DICA! Gente eu testei hoje e ameiiiiii. Comprei na Drogasil. Não precisa de receita. Não tem cafeína. Não tem substância que causa dependência! Só tem um defeito, o preço. Mas para quem buscava algo que auxilia na produtividade e estudos, esse esta aprovado! pic.twitter.com/m2Y6JkFeuq
— Dani ? (@daniellemayaa) August 24, 2023
Mas há comprovação científica para o resultado prometido? A cientista e influencer Gabriela Bailas usou as redes sociais para rebater a informação de que esse suplemento faria bem para o cérebro. Ela repostou um vídeo seu em que explica como a eficácia dos suplementos não é atestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou qualquer outro órgão renomado.
“A Anvisa não tem o papel de verificar a eficácia do produto. Ela regulamenta, vendo se aquele produto está dentro das regulamentações, das leis, das normas. Mas a Anvisa não atesta a cientificidade do produto. Isso quem faz é a comunidade científica através de estudos e experimentos. Os suplementos não passam por esses processos”, diz Gabriela Bailas, lembrando que os suplementos são vendidos na categoria alimentar, não são considerados remédios.
https://youtu.be/OBAY7NGY97o?feature=shared
Em 2022, um estudo internacional foi publicado na revista Jama Network indicando que não há evidências de que os suplementos podem ajudar na prevenção de doenças. A equipe, composta por 16 especialistas, revisou 84 estudos sobre o uso desses produtos. Um dos pontos observados foi que os suplementos de vitamina E não tiveram efeito benéfico na prevenção de morte prematura, doenças cardiovasculares ou câncer, e que o betacaroteno (um pigmento convertido em vitamina A no corpo) pode aumentar o risco de câncer de pulmão.
Anvisa e os suplementos
A Anvisa tem sido bastante cautelosa em relação à venda de suplementos alimentares. Nesta quinta-feira (24), ela proibiu a fabricação e comercialização de um produto com melatonina voltado para crianças e adolescentes. De acordo com a agência, não há segurança de uso comprovada para essas faixas etárias.
No início deste mês, a Anvisa proibiu também a comercialização de suplementos alimentares com indicação para tratamento de problemas de visão, tais como catarata, glaucoma, degeneração macular, entre outros.
“Para alimentos em geral, incluindo suplementos alimentares, não é permitida a realização de propagandas que aleguem tratamento, prevenção ou cura de qualquer tipo de doença ou problema de saúde, inclusive relacionados à visão”, explicou a agência.
Ainda de acordo com a Anvisa, produtos que tenham indicação terapêutica precisam ser regularizados na agência como medicamentos. Para os suplementos alimentares, tidos como “alimentos fontes de nutrientes e outras substâncias bioativas”, não é possível comprovar eficácia para fins terapêuticos.
Todos os suplementos alimentares devem ter no rótulo a identificação “Suplemento alimentar”, próximo à marca do produto.
Empresas que comercializam produtos na internet são obrigadas a apresentar informações claras e completas ao consumidor, incluindo os dados do fornecedor (razão social, CNPJ, endereço físico e eletrônico e de contato) e informações essenciais do produto (nome, marca, fabricante, composição, restrições de uso etc.).
De acordo com a Anvisa, não é recomendado comprar e utilizar suplementos alimentares que prometam agir nas situações listadas a seguir:
- Emagrecimento.
- Aumento da musculatura.
- Diminuição de rugas, celulite, estrias, flacidez etc.
- Melhora das funções sexuais.
- Aumento da fertilidade, melhora ou alívio de sintomas relacionados à “tensão pré-menstrual”, menopausa etc.
- Aumento da atenção e foco.
- Doenças degenerativas, como mal de Alzheimer, demência, doença de Parkinson etc.
- Câncer.
- Problemas de aumento da próstata e disfunção urinária.
- Problemas de visão.
- Doenças do coração, pressão alta, colesterol e triglicerídeos sanguíneos.
- Melhora da glicose sanguínea, diabetes e níveis de insulina.
- Problemas gastrointestinais, como gastrite, má digestão etc.
- Gripe, resfriado, Covid-19, pneumonia etc.
- Labirintite, zumbido no ouvido (tinitus).
- Distúrbios do sono, insônia etc.
Com O Tempo