A retirada de próteses de silicone mamário aumentou quase 50% entre 2017 e 2021, de acordo com o relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Em 2021, o aumento dos seios foi a segunda cirurgia mais procurada no mundo, enquanto o explante ocupou a 16ª posição.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas, em 2018, 18,8% das intervenções cirúrgicas no país foram para a colocação de seios, superando a lipoaspiração (16,1%) e a abdominoplastia (15,9%). No mundo, o implante foi a segunda cirurgia plástica mais realizada em 2021, conforme o relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. No entanto, a busca pelo aumento dos seios tem diminuído, e a procura pela retirada do implante está crescendo gradualmente. O mesmo relatório internacional indicou que, em 2021, a cirurgia de explante mamário ocupou a 16ª posição no ranking, com uma parcela de 2% entre os procedimentos cirúrgicos mais realizados. Em comparação com 2020, houve um aumento de 22,6%, e em comparação com 2017, a demanda pela retirada de implantes cresceu 49,6%.
No consultório do cirurgião plástico Fernando Amato, a situação não é diferente, como relatou o médico: “Cerca de metade dos meus pacientes ainda optam por colocar implantes, desde mamoplastia simples até a mastopexia com prótese. A outra metade são pacientes que não desejam colocar um implante ou desejam remover o implante, realizar o explante mamário e livrar-se das próteses de silicone.”
Para a aposentada Marileia Cardoso Leite, o processo até chegar à decisão do explante não foi fácil. Após um ano da colocação dos seios, ela começou a sentir fortes dores e passou por diversos tratamentos médicos. Ela compartilhou: “Em 2009, comecei a sentir dores fortes no quadril e imaginava que fosse renal, mas os exames não apontavam para isso. Consultei vários médicos, mas a dor persistia. Nos anos seguintes, as dores se espalharam pelo ombro, braço e coluna, e eu me sentia cada vez pior. Antes de colocar os implantes, eu malhava cinco dias por semana, mas depois disso, não conseguia mais. Comecei a tomar remédios para dormir e me afastei das pessoas devido à intensidade das dores.”
A aposentada passou por vários exames antes de ser diagnosticada com um problema relacionado ao implante mamário: “O médico que me atendeu pediu uma ressonância magnética e identificou um encapsulamento na mama, o que causava as fortes dores. Consultei outros médicos que sugeriram a troca do implante, mas eu não queria mais fazer isso.”
Após o explante, Marileia comemora o alívio das dores e a melhora na estética dos seios: “Ele fez a mastopexia com uma técnica que reaproveitou a pele viva, e apesar de ter pouco tecido, o resultado ficou bom, e as dores desapareceram. As manchas no rosto também começaram a desaparecer, e a coceira no corpo sumiu. Eu costumava atribuir esses problemas a sabonetes ou água, mas era, na verdade, devido à inflamação causada pelo implante em meu organismo.”
O cirurgião Fernando Amato alerta que a posição do implante, abaixo ou acima do músculo, afeta a complexidade da cirurgia de retirada. Quando o implante está à frente do músculo, a remoção da prótese e da cápsula que a envolve é mais simples. No entanto, quando o implante está atrás do músculo, a cápsula adere à parede torácica, costelas e músculos intercostais, tornando a remoção mais desafiadora.
Médicos esclarecem que a cirurgia de explante pode usar a mesma cicatriz da cirurgia de implante. Além disso, é possível reconstruir a mama usando o próprio tecido mamário ou retirando gordura de outras partes do corpo para substituir a prótese.
De acordo com Bruno Herkenhoff, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro, a procura pelo procedimento de retirada de implantes deve continuar aumentando no país, tanto por motivos estéticos, já que as pacientes desejam um corpo mais natural e seios menores, quanto por causa do conhecimento sobre possíveis doenças associadas aos implantes. A psicoterapeuta Myriam Durante ressalta que a decisão de aceitar o corpo como ele é faz parte do processo de amadurecimento das mulheres. Ela observa que entre o público mais jovem, o implante mamário ainda é uma tendência estética, e é importante que a família e os médicos tenham critérios ao considerar esse tipo de cirurgia, pois não é uma decisão simples. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica afirma a segurança das próteses mamárias, mas reconhece o aumento dos estudos na área para entender a relação entre as doenças e a mamoplastia de aumento.
Da Redação com JovemPan