O estado de Minas Gerais registrou um aumento de 31% nos casos confirmados de Covid-19 em outubro, em comparação com setembro. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foram registrados 16.102 casos em outubro, em contraste com os 12.286 casos de setembro. No entanto, apesar do aumento de casos em outubro, setembro teve um número maior de mortes confirmadas, com 70 óbitos, em comparação com os 65 óbitos de outubro.
O aumento dos casos é atribuído principalmente à circulação da subvariante EG5.1, também conhecida como éris, que faz parte da linhagem da ômicron. Essa subvariante é altamente contagiosa e, em alguns casos, pode superar a imunização proporcionada pela vacina. O médico infectologista Estevão Urbano alerta que pessoas vacinadas podem contrair a doença, mas geralmente apresentam sintomas menos graves.
No entanto, o especialista ressalta que a subvariante pode ter efeitos mais severos em idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, mesmo que estejam vacinados. Essa população está mais suscetível a casos graves, incluindo hospitalizações e óbitos.
Cautela é necessária De acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde, de janeiro a outubro, 946 pessoas faleceram devido à Covid-19 em Minas Gerais, com uma média de pelo menos três mortes por dia. No entanto, os números de óbitos estão abaixo dos picos registrados em 2020 e 2021, que foram períodos de alta contaminação. A taxa de mortalidade da doença este ano é de 4,42 a cada 100 mil habitantes, em comparação com 205 em 2021. Esses números valem até 30 de outubro.
“Estamos vivendo um período mais tranquilo em comparação aos anos anteriores, mas ainda é necessário manter as precauções. Recomendamos que as pessoas continuem seguindo as medidas de higiene, como o uso de máscaras, não apenas para prevenir casos graves da doença, mas também para evitar a chamada ‘Covid longa'”, orienta Urbano.
O médico explica que a “Covid longa” se refere aos pacientes que apresentam sintomas típicos da doença, como fadiga crônica, cansaço e outros, durante meses após a infecção. Isso pode afetar tanto pessoas vacinadas quanto o público mais jovem, que geralmente não desenvolve formas graves da doença.
Perfil dos pacientes A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais também identificou o perfil dos casos positivos de Covid-19 neste ano. A maioria dos casos ocorreu em pessoas com idades entre 40 e 49 anos, e mais de 60% dos casos foram em mulheres. A maioria dos pacientes, ou seja, 67%, não precisou ser internada em unidades de terapia intensiva (UTIs).
De acordo com os dados do estado, Belo Horizonte lidera em número de casos confirmados este ano, com 20.402 casos. Em seguida, vêm Pouso Alegre (10.596), Uberlândia (10.593), Montes Claros (10.484) e Varginha (9.338). A capital também lidera em número de óbitos, com 224 mortes até 30 de outubro deste ano.
Vigilância constante A Secretaria de Estado de Saúde realiza monitoramento regular dos casos em Minas Gerais e implementa ações de prevenção e controle sempre que são detectadas alterações. Gilmar Rodrigues, coordenador dos Programas de Vigilância de Doenças Transmissíveis Agudas da SES-MG, afirma que o estado requer atenção, especialmente devido à baixa cobertura vacinal. Apenas 17% da população mineira recebeu a vacina bivalente contra a Covid-19, enquanto o Ministério da Saúde recomenda que 90% do público-alvo seja vacinado.
Rodrigues enfatiza a importância de os residentes de Minas Gerais procurarem a unidade de saúde mais próxima para verificar o status de sua vacinação, principalmente em relação à Covid-19. “É fundamental que todos estejam cientes de qualquer dose em atraso, especialmente em relação à Covid-19. Atualizar a imunização é crucial para garantir um final de ano mais seguro”, aconselha.
Medidas de restrição Apesar de a discussão pública sobre a Covid-19 ter diminuído, a doença continua a ser uma preocupação em Minas Gerais, como evidenciado pela imposição do uso de máscaras em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, para profissionais de saúde e pacientes com sintomas gripais ou comorbidades.
De acordo com os dados da SES-MG, na 39ª Semana Epidemiológica, correspondente aos últimos dias de setembro, houve 31 mortes por Covid-19, o maior número desde os primeiros dias de fevereiro, quando foram registrados 32 óbitos devido aos altos níveis de contaminação durante a virada do ano. O médico infectologista Estevão Urbano argumenta que, do ponto de vista científico, essa situação justificaria o retorno das medidas de restrição, incluindo o uso de máscaras e outras medidas sanitárias.
No entanto, ele observa que, na prática, muitas pessoas podem não aderir a essas medidas se forem impostas novamente. Portanto, a recomendação é que, mesmo que não sejam obrigatórias, as medidas de precaução continuem sendo enfatizadas.
Da Redação com Otempo