A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems) estão realizando o evento Conexão Minas-Saúde em Belo Horizonte, até esta quinta-feira (7/12). O objetivo é aprimorar os processos de gestão no Sistema Público de Saúde (SUS) de Minas Gerais, contando com a presença de 1200 participantes, incluindo 853 secretários municipais de Saúde do estado, técnicos e gestores de saúde municipais, estaduais e federais.
A programação inclui conteúdos direcionados ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de gestores, à organização e governança da Rede de Atenção à Saúde (RAS), aos projetos estruturantes da SES-MG e do Ministério da Saúde, e aos projetos premiados de boas práticas e inovações mineiras.
Durante a mesa “Liderança de equipes de alta performance e gestão para resultados”, a secretária de Estado Adjunta de Saúde, Poliana Lopes, destacou a importância da troca de experiências para a formação de equipes de alto desempenho na área da saúde. Ela ressaltou os ensinamentos trazidos pelos convidados como fundamentais para os gestores enfrentarem os desafios diários dessa área desafiadora.
Príscilla Duarte, diretora de Metodologia e Negócios da Betania Tanure Associados (BTA), mencionou conhecimentos essenciais para potencializar equipes na área da saúde, como a capacidade de perceber o outro, ter empatia, estabelecer conexões, uma comunicação eficaz e identificar as potencialidades de cada membro da equipe, visando equilibrar a tensão, aumentar o desempenho e captar a inteligência coletiva.
O automobilista Cristiano da Matta também participou da mesa, compartilhando sua experiência como integrante de uma equipe de alto desempenho na Fórmula 1. Ele destacou que, assim como na corrida, na área da saúde é crucial o trabalho em equipe alinhado para alcançar objetivos traçados, ressaltando a importância da comunicação, da saída da zona de conforto, dos objetivos claros e das estratégias impactantes nas decisões não só da equipe, mas na vida das pessoas.
Comunicação
Na mesa sobre “O papel (e a responsabilidade dos diferentes atores) da comunicação para a saúde”, o mediador e jornalista Benny Cohen destacou a relevância de uma comunicação clara e responsável, especialmente no campo da saúde.
Ele enfatizou que a comunicação desempenha um papel crucial na administração de conflitos, permeando todos os processos e conectando pessoas. Destacou os desafios das redes sociais nos dias atuais, capazes de disseminar tanto conhecimento quanto desinformação. Propôs estratégias para fornecer esclarecimentos, como a inclusão de especialistas em grupos online para orientar e fortalecer informações verdadeiras, combatendo notícias falsas e a desinformação.
O jornalista Eduardo Costa ressaltou a responsabilidade da imprensa ao veicular notícias sobre saúde, enfatizando a importância de uma parceria transparente e próxima com essa área. Ele argumentou que essa proximidade facilita a compreensão do contexto, reduzindo a possibilidade de transmitir informações confusas ou incompreensíveis. Uma comunicação alinhada contribui para uma população bem informada.
A médica pediátrica, Dra. Filó, enfatizou o imenso poder da comunicação e seu impacto direto na vida das pessoas. Destacou a importância de uma comunicação clara, verdadeira e acessível a todos, alertando sobre os possíveis resultados trágicos gerados por notícias falsas ou informações mal comunicadas. Salientou a responsabilidade e o compromisso com a verdade e a clareza na transmissão de informações.
Ela ainda ressaltou a necessidade de uma comunicação adaptada à realidade local, especialmente quando se trata de temas de saúde veiculados pela mídia e redes sociais, enfatizando a importância de buscar informações em fontes oficiais para garantir precisão e veracidade.
No contexto da regionalização da saúde discutida durante o Conexão Minas-Saúde, o subsecretário de Regionalização da SES-MG, Darlan Thomaz, enfatizou a diversidade do estado e a importância de compreender as necessidades e desafios dos municípios de diferentes tamanhos populacionais para melhorar o acesso aos serviços de saúde em Minas Gerais.
Diversos secretários municipais de saúde também compartilharam suas experiências e desafios específicos. Danilo Borges Matias, secretário de Saúde de Belo Horizonte, destacou os desafios de gerenciar uma rede de saúde em uma cidade com uma população densa e questões como violência nas unidades e atendimento à população de rua.
Marcelo de Andrade, secretário de Saúde de Tiradentes, abordou os desafios de uma cidade de pequeno porte com grande afluxo turístico, enquanto Raphael Dumont, secretário de Saúde de Curvelo, mencionou as dificuldades na articulação da rede de atenção secundária, principalmente com instituições filantrópicas, para prestar serviços pelo SUS.
Planejamento
Com o tema “Estratégia e Planejamento em saúde”, a mesa contou com a moderação de Maflávia Ferreira, superintendente Estadual do Ministério da Saúde em Minas Gerais. Ela afirmou que o planejamento torna mais efetivo os recursos disponíveis: “Oferecer saúde pública exige que os gestores estabeleçam planejamentos assertivos que possibilitem empregar os recursos de maneira mais efetiva”, disse.
Abordando o planejamento com foco em pessoas, Shirley Berti, consultora de Gestão na Saúde, falou aos participantes sobre a importância de conectar as equipes para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. “Em relação às pessoas, precisamos ter em mente de onde viemos, de onde partimos, onde estamos e onde queremos chegar”.
Participando do debate, Francisco Tavares, diretor Executivo da Unimed Uberlândia, afirmou que o planejamento em saúde é um desafio que deve ser enfrentado para garantir melhoria na qualidade de vida das pessoas.
“O caminho para uma saúde de qualidade é planejar. E planejar começa com a escuta das dores e necessidades das pessoas. A partir dessa escuta, se estabelecem objetivos e se definem estratégias para serem executadas”, explicou.
Judicialização
Com o tema “(Des)Judicialização da saúde: é possível”, o debate foi moderado pela subsecretária de Acesso a Serviços de Saúde, Juliana Ávila.
“A judicialização atravessa todo o planejamento em saúde porque, para a atender às ordens judiciais, temos os mesmos recursos. Em um cenário de restrição orçamentária, para construir um SUS de qualidade, é necessária uma discussão permanente da judicialização”, explicou.
Fabrício Simões, secretário de Saúde de Contagem, falou sobre a importância de os gestores conhecerem a legislação para atuar. “Para garantir a saúde como um direito, é necessário conhecer o que as leis determinam como competência municipal e atuar a partir dessas leis”, disse.
O desembargador Osvaldo Firmo afirmou que a judicialização da saúde trouxe benefícios para a comunidade porque atua no momento que o usuário do SUS está desamparado. Portanto, garantir o acesso ao Judiciário fortalece a democracia e deve ser qualificada para não perpetuar desequilíbrios.
“As pessoas procuram o Judiciário quando seu direito constitucional à saúde não foi atendido. No entanto, é necessário separar a boa judicialização quando ela atende um direito, da má judicialização, quando o estado arca com situações equivocadas”, explicou.
A advogada e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Iara Figueiredo, explicou aos participantes que a noção de ‘desjudicialização’ não busca dificultar o acesso da população ao Judiciário, mas tentar resolver os conflitos sem precisar acionar a instância.
“Muitos processos solicitam serviços que são possíveis de resolver em uma intermediação entre gestores e cidadãos. Desjudicializar é uma tentativa de atender as demandas sem precisar acionar o Judiciário, buscando resolver o problema com medicação das partes”, disse.
Saúde em Minas na palma da mão
Nesta terça-feira, durante o Conexão Minas-Saúde, a SES-MG também lançou o canal de transmissão “Saúde MG”, no aplicativo de mensagens WhatsApp, a fim de aproximar e facilitar o acesso dos mineiros às notícias, alertas e campanhas.
Por meio da ferramenta, os cidadãos poderão acessar conteúdos oficiais, com temáticas diversas, como campanhas de vacinação, orientações para prevenção a doenças, promoção à saúde e outros serviços.
A inovação vai contribuir para tornar real o SUS ideal, fazendo com que informações importantes de saúde circulem de forma mais dinâmica e ágil, contribuindo também com o combate às notícias falsas.
Além do canal no WhatsApp, que pode ser acessado por meio do link, a SES-MG está nas principais redes sociais: Instagram; Facebook; e Linkedin.
Outros debates
Concomitante aos debates moderados, os participantes do evento também têm acesso a palestras, oficinas e rodas de prosa.
Na palestra “Participação Social no SUS”, Lourdes Machado, presidente do Cosems, falou sobre a importância da participação dos usuários na construção da saúde pública. “A democracia participativa é muito importante para o SUS. Toda política de saúde precisa passar pela instância do controle social”, destacou.
No primeiro dia de evento, também foram realizados os debates moderados “A cooperação solidária dos poderes Executivos e Legislativo no alcance do SUS ideal”, que contou com a moderação da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, e “Nova lei de licitações e contratos”, além das palestras “Salvando vidas por meio da inovação – Conexões e resiliência por trás da calixcoca”; “Linhas de cuidado prioritárias da SES/MG”; “Rede de oftalmologia”; “Descentralização da gestão dos prestadores de média e alta complexidade – PPI”; Sistemas de informação do SUS-MG – Produção ambulatorial e hospitalar”; e “Atenção especializada, PPI e contratualização”.
Nesta quarta-feira (6/12), além dos debates, palestras, oficinas e rodas de prosa, também será realizada a 303ª reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a reunião do Cosems.
O evento está sendo transmitido ao vivo pelo canal no Youtube, digitando: Saúde MG – SES-MG
Mais informações e a programação completa estão disponíveis neste link.
Da Redação com Agência Minas