Quando planejamos uma ação de mobilização social ou uma campanha publicitária, logo pensamos em propagar as nossas estratégias em veículos com TV, jornais de grande circulação, outdoor e rádios, porém, existe outra realidade mais comum e menos explorada em nosso meio, que é a comunicação fora dos grandes centros.
Nas cidades do interior temos que lidar com uma cultura completamente diferente da que estamos acostumados a trabalhar nas capitais, o ritmo de vida é mais lento, os interesses dos públicos são diferentes, as verbas são infinitamente menores, a mão de obra é pouco qualificada e as mídias, essas mudam e muito. A dificuldade em trabalhar no interior começa em conhecer a cultura local, pois, sem uma inserção na cultura da cidade onde se planeja atuar, as chances do seu projeto ser um fracasso aumentam.
Conhecer o interesse e o cotidiano do público é fundamental, vejo hoje as campanhas publicitárias das operadoras de telefonia celular que tem como cenário as grandes cidades, penso que os moradores das cidades de médio e pequeno porte que vivem uma realidade completamente diferente das que são veiculadas não se identificam com o perfil apresentado.
Outro ponto a ser observado são as mídias locais, que além de possuírem poucos veículos, muitas vezes não conseguem atingir penetração desejada, por isso, ações em espaços públicos como panfletagens ainda são bastante utilizadas. Outro veículo que possui grande aceitação e traz resultados significativos são os carros de som, algo pouco frequente nos grandes centros.
Uma estratégia que deve ser traçada em uma campanha eficiente nas pequenas cidades, seja em campanhas publicitárias ou em campanhas institucionais é conseguir mapear as mídias alternativas, ou seja, os formadores de opinião. Em muitas cidades formar parcerias com as paróquias para conseguir uma mobilização social é a melhor estratégia, em outros casos patrocinar o programa matinal do padre da rádio local é mais funcional que qualquer outro veículo.
Recentemente presenciei um grande grupo administrador de Shopping Centers se instalar na cidade de Sete Lagoas e junto com ele lojas e grifes de renome chegaram à cidade. Inicialmente foi um choque cultural para a administração, para os lojistas e também para a comunidade local que não estava acostumada com um shopping. As estratégias utilizadas em outras cidades não funcionavam bem em Sete Lagoas e todos tiveram que se reinventar. Vi lojas de grifes famosas utilizando táticas pessoais com seus clientes para fidelizá-los, e através do bom e velho “boca a boca” conseguir atrair novo público.
Os desafios para se comunicar no interior são diversos, a cultura local, o empresariado que ainda não valoriza a comunicação, a baixa remuneração frente às grandes cidades. Mas quem estiver disposto a ir à contramão e sair dos grandes centros para explorar o interior do nosso Brasil terá um grande desafio e um mercado em constante expansão pela frente.
Graduado em Relações Públicas e com MBA em Gestão Estratégica de Negócios ambos pela PUC-Minas. É sócio diretor na Savana Comunicação e Marketing. Foi assessor de comunicação no Hospital Felício Rocho em Belo Horizonte por cinco anos. Atua como consultor de comunicação empresarial e coordenado do Grupo Comunicação Saúde.