Toda e qualquer atividade profissional, ou até pessoal, que tenha em sua essência uma mescla de racionalidade e paixão, tende a conter fatores que levam as pessoas a agirem de forma injusta, na maioria das vezes, tendo como mola propulsora a famigerada impaciência, componente presente na vida de grande parte dos seres humanos, num mundo globalizado, acirrado, capitalista e cada vez mais desafiador, onde itens como tempo e resultados imediatistas ditam as regras e pautam as decisões estratégicas.
No futebol isso também acontece! Tenho ouvido muitas críticas ao técnico do Cruzeiro, Marcelo Oliveira, em função de um início de temporada ruim do time, sem resultados e atuações de destaque, culminando com a perda do título estadual para o Atlético (foi eliminado na fase semifinal).
Em dois anos de quatro meses à frente do clube, Oliveira conquistou dois Campeonatos Brasileiros e uma certame Estadual, além de ter sido vice-campeão da Copa do Brasil e chegado às quartas-de-final da Copa Libertadores da América de 2014. Em competições de pontos corridos já é o treinador com o melhor índice de desempenho da história do Cruzeiro. Antes disso, foi bicampeão paranaense e duas vezes vice-campeão da Copa do Brasil com o modesto Coritiba.
Mas, no mundo do futebol, onde mais do que em qualquer outro lugar os resultados precisam aparecer o tempo todo, não há espaço para reformulações, retomados de trabalhos, reciclagens e mudança de curso dos projetos já existentes. Agora, vejo uma parcela da torcida do Cruzeiro imputando toda a culpa pelos maus resultados neste início de temporada ao treinador, o mesmo que até outro dia chegou a ser lembrado para dirigir a Seleção Brasileira, o São Paulo, o Palmeiras e o Internacional.
Bastaram quatro meses de resultados menos satisfatórios para que o velho e bom Marcelo Oliveira passasse a ser questionado.
Questionamentos esses que não são direcionados à alta cúpula do clube, que sem critérios e permitindo-se ficar à mercê de empresários, não conseguiu segurar os principais atletas do elenco, tais como: Egídio, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Nílton e Marcelo Moreno, dentre outros. De uma só vez, todos foram embora e a diretoria não conseguiu suprir em tempo hábil as inúmeras perdas da equipe considerada titular, ou alguém pensa que Mena, Willians, Arrascaeta, Joel, Riascos, Neílton e companhia, estão à altura da turma bicampeã brasileira?
Piada de mau gosto se alguém pensa assim e uma tremenda injustiça com quem foi reconhecido de forma justa como o melhor treinador do País em 2013 e 2014.
Alerta na arrancada
Os primeiros anos do Atlético na era dos pontos corridos foram ruins e poucas vezes o time figurou entre os primeiros colocados, ao fim de cada edição. A exceção ocorreu em 2003, quando o time terminou em sexto lugar. A chegada de Ronaldinho Gaúcho, em 2012, coincidiu com o início dos três anos seguidos entre os dez melhores clubes do Brasileirão. Naquele ano, a equipe mineira chegou a liderar o campeonato e terminar o turno como forte candidato ao título. Na segunda metade do torneio, no entanto, o clube deixou de somar pontos importantes e viu a taça ficar com o Fluminense.
O baixo desempenho fora de casa foi um dos principais culpados pela perda do título naquela ocasião. Há três anos, a maior diferença entre o Fluminense (campeão) e Atlético (vice) foi resumida basicamente no aproveitamento como visitante. No Rio, os cariocas não foram tão imbatíveis quanto os mineiros no Horto. Fora de casa, porém, o rendimento foi bem superior. Dos 57 pontos disputados no Independência, a equipe de Cuca somou 47. O Fluminense de Abel Braga teve 38. Fora de casa, o aproveitamento alvinegro caiu para 25 pontos, enquanto o Tricolor alcançou 39. Ao fim do campeonato, 77 a 72 na somatória dos pontos.
No ano passado, o clube também passou por situação parecida. Apesar do bom quinto lugar ao final, o Galo passou quase um turno (16 jogos) sem triunfar fora de casa. Ao todo, foram cinco vitórias como visitante, duas na primeira metade e três no returno.
Jogando com uma equipe reserva, em São Paulo, o empate diante do Palmeiras não pode ser considerado um mau resultado, mas um gol sofrido quase aos 50 minutos do segundo tempo, desfazendo uma vitória que parecia certa, já serve como alerta para que a equipe consiga uma quantidade maior de pontos fora de Belo Horizonte, pois do contrário, dificilmente brigará pelo título na cabeça, contra os principais adversários do futebol brasileiro.
Para os amantes da velocidade
Ainda não foi desta vez que Felipe Massa conseguiu subir no pódio em 2015. O brasileiro chegou ao GP da Espanha, palco da quinta etapa do campeonato, temendo que o fato da Williams não ter levado tantas novidades em seu carro e as características do circuito, que expõem as deficiências de equipamentos com menos pressão aerodinâmica, complicassem seu final de semana. Na verdade, o carro reagiu bem, mas no treino classificatório de sábado, um erro na última volta rápida lhe custou uma boa posição de largada, o que comprometeu seu resultado na corrida de domingo. O brazuca completou a prova em sexto lugar e chegou aos 39 pontos na temporada, ocupando a sexta colocação na classificação geral do mundial de pilotos.
Porém, o rendimento durante a corrida, principalmente em relação à Ferrari, animou o brasileiro, que reconheceu ter se surpreendido. Cruzando em sexto lugar depois de ter largado em nono, Massa ficou a 36 segundos de Sebastian Vettel, mesmo tendo feito uma parada a mais, e a 21 segundos de Raikkonen. Seu companheiro, Valtteri Bottas, que largou em quarto, conseguiu se colocar entre os carros vermelhos e terminou na mesma posição.
A Fórmula 1 volta às pistas para o GP de Mônaco, dia 24 de maio. Com o quarto lugar da Espanha, Bottas passou Massa no campeonato e é o quinto, três pontos à frente do brasileiro. Desta vez, Felipe Nasr não conseguiu pontuar e segue com 14 pontos na temporada.
Álvaro Vilaça é formado em Comunicação Social e Marketing, apresentador de TV, narrador e repórter esportivo da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, Diretor de Programação e Coordenador de Esportes da Rádio Eldorado e do Jornal Hoje Cidade. Também é o responsável pela coluna de Esportes do Jornal Notícia e é professor de Negociação, Compras e Marketing das Faculdades Promove de Sete Lagoas. Pós-Graduado em Administração e Marketing.