1º Tempo
A situação envolvendo a negociação de sindicatos, CBF e atletas para a redução de salários durante o período de paralisação, em função da pandemia do novo coronavírus, chega a ser estarrecedora. Os atletas não aceitam redução salarial durante o período de suspensão das competições.
Eles haviam concordado com o período de férias, mas exigindo o pagamento integral e o terço constitucional até 4 de maio (segundo dia útil do mês). Além disso, pedem uma licença remunerada de, no mínimo, 10 dias, entre o Natal e o Ano Novo. A redução salarial, por sua vez, havia sido negada. A Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) formalizou, como condição determinante para o acordo, o pagamento do salário e da parcela de imagem referente ao mês de março, até o dia 7 de abril.
Os clubes, no entanto, insistiam na redução salarial de 25% em caso de permanência da paralisação após as férias coletivas. Os clubes se baseiam no artigo 503 da CLT para a medida, que valeria a partir de maio e enquanto perdurar a inatividade das competições.
Vale lembrar que as férias durariam entre 1 e 20 de abril, com possibilidade de prorrogação até o dia 30. E o pagamento do período aconteceria no quinto dia útil do mês seguinte, baseando-se em Medida Provisória.
Sem a conscientização dos atletas, o risco dos principais clubes do Brasil entrarem num colapso financeiro ainda maior do que aquele que eles já estão enfrentando é muito grande. Chega a ser triste e decepcionante a postura de quem já se usufruiu e ganhou tanto no futebol e que parece não entender o tamanho do problema que todas as esferas da sociedade estão enfrentando com a pandemia do Covid-19. Absolutamente lamentável!
2º Tempo
A paralisação forçada da temporada 2020 do futebol profissional em todo o Brasil e em grande parte do mundo pode ter sido benéfica para o Cruzeiro, que tenta se reorganizar, sobretudo com a chegada do treinador Enderson Moreira para a sequência do ano.
Em função da interrupção dos campeonatos e férias coletivas, os jogadores têm compartilhado muito da rotina nas redes sociais, em treinos divulgados em transmissões. Não é diferente com atletas do Cruzeiro. Na semana passada o atacante Marcelo Moreno fez uma transmissão e, em determinado momento da conversa, o jogador foi questionado por um torcedor se acreditava no acesso do Cruzeiro à Série A, e o atacante não ficou em cima do muro: “O time atual? Eu acredito que seja muito difícil. O Cruzeiro está em momento de reconstrução agora, vai melhorar muito esse time, tenho certeza, vão chegar novos jogadores, já chegou um novo treinador, as coisas vão mudar e eu acredito, sim, que nosso time vai subir. No momento, quando você coloca todos os jogadores dos juniores para ser a base do Cruzeiro, fica bem difícil mesmo da gente jogar como o torcedor está acostumado. Então, a responsabilidade não tem que ser dos meninos, é da gente mesmo”.
Apesar de todas as dificuldades financeiras enfrentadas pelo clube desde o ano passado, Conselho Gestor trabalha nos bastidores para trazer alguns jogadores que sejam capazes de aumentar a experiência do time na caminhada para o retorno à divisão de elite do futebol brasileiro em 2021, ano do centenário do Cruzeiro.
Jogadores do Democrata seguem de folga aguardando definição do calendário esportivo
Acompanhando a tendência mundial por causa da pandemia do novo Coronavírus, a diretoria do Democrata de Sete Lagoas decidiu suspender todas as atividades do departamento de futebol e permitiu que os atletas retornassem para suas cidades de origem, para que, junto de seus familiares, possam aguardar a definição sobre a retomada do calendário esportivo do futebol brasileiro.
Antes da suspensão oficial de todas as competições no país, o Jacaré fez bonito e renovou as esperanças dos torcedores sete-lagoanos.
Depois de alguns tropeços como mandante no Campeonato Mineiro do Módulo II, o Democrata fez a sua melhor partida na competição, na condição de visitante, e conquistou uma vitória sensacional diante do Guarani, em Divinópolis, por 4 x 0.
O resultado, conquistado com autoridade e absoluta supremacia ao longo dos 90 minutos em Divinópolis, fez com que o time subisse na tabela de classificação. O Jacaré agora tem nove pontos e está a um do G4.
Os outros resultados da sexta rodada do Módulo II (última antes da paralisação do campeonato) foram esses:
Pouso Alegre 1 x 0 CAP de Uberlândia
Athletic 2 x 0 Serranense
Mamoré 0 x 0 Ipatinga
Nacional de Muriaé 2 x 0 Tupi
Após a sexta rodada a classificação da fase classificatória do Módulo II ficou assim:
A primeira fase é composta por 12 clubes, com sistema de pontos corridos em turno único, todos contra todos. Os quatro melhores colocados ao fim das 11 rodadas disputarão o quadrangular final, também no sistema de pontos corridos, mas com turno e returno. Os dois melhores colocados ao fim do quadrangular garantem o acesso à elite do estadual.
A competição segue com limite de idade de 24 anos. Cada clube pode inscrever apenas sete jogadores acima desse limite de idade. O atleta que atuar por uma equipe não poderá defender outra durante a competição.
A 7ª rodada da primeira fase, quando a FMF autorizar a retomada da disputa, terá os seguintes confrontos:
Betim x Nacional de Muriaé
Pouso Alegre x Mamoré
CAP de Uberlândia x Athletic de São João Del Rey
Ipatinga x Democrata SL
Serranense x Guarani
Tupi x Democrata GV
Como de costume, a Rádio Eldorado de Sete Lagoas, AM 1300 KHZ, está transmitindo todos os jogos do Democrata no Módulo II. Também é possível acompanhar as partidas, programas e boletins esportivos através do aplicativo que pode ser baixado no site da emissora: www.eldorado1300.com.br.
Reuniões e incertezas marcam o futuro do futebol brasileiro
Após reunião entre 30 clubes do futebol brasileiro, realizada por meio de videoconferência, na semana passada, a contraproposta da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) foi rejeitada. Os clubes definiram conceder apenas 20 dias de férias coletivas a partir de 1º de abril até 20 de abril e vão reavaliar a situação no dia 15 de abril para definir se retornam às atividades. Os dirigentes da Comissão Nacional de Clubes também pediram à CBF a manutenção da fórmula do Brasileirão por pontos corridos.
Sem acordo coletivo, cada clube está liberado para negociar diretamente com seus atletas – movimento que já havia iniciado nas séries A e B. Ou seja, não vai haver determinação nacional para redução de 25% de salários, como era a proposta inicial dos clubes, nem as férias coletivas de 30 dias, pedido dos atletas, na resposta de dias atrás.
A CBF vem participando dessas reuniões e também se pronunciou sobre calendário, outra preocupação dos clubes, que já anteciparam o desejo de manutenção das fórmulas das Séries A e B. Um desafio diante de meses perdidos e da imprevisibilidade do retorno ao futebol.
– Sim (pediram a manutenção), o Manoel Flores (diretor de competições) falou na reunião. Trabalhamos com expectativa otimista de não haver nenhuma alteração nos campeonatos. Vamos tentar encontrar datas pelas liberações de Copa América, Eliminatórias… Ainda é uma visão conservadora, sem ajustes, sem alterar essência de nada – comentou Feldman.
Sobre encaixe de estaduais neste cenário, o dirigente da CBF comentou:
– Não tem como nesse momento dizer isso (destino dos estaduais). O desejo já manifesto é de cumprir o calendário. Apertar, ajustar, como vai ser feito, não é possível saber – avaliou Feldman.
A reunião, inicialmente, era para fechar um acordo com os jogadores, mas o único consenso foi das férias definidas e para que as competições mantivessem a fórmula. O receio é que a mudança de regulamento provoque quebra de contratos televisivos e entre patrocinadores.
Se o futebol voltar somente em junho, como vem sendo ventilado, CBF, federações e clubes terão que tomar decisões duras: Talvez cancelar os Estaduais, diminuir ou até não fazer o Brasileiro-2020. Sim, há quem fale dentro da CBF que se a normalidade demorar a melhor solução seria não ter Brasileiro nesta temporada. Usaria o segundo semestre para finalizar Estaduais, Copa do Brasil e torneios continentais, competições que são mais curtas. Aí, seguramente, estará instalado o caos também no futebol. Os impactos dessas possíveis alterações ainda não foram divulgados, até porquê, estaríamos diante de algo sem precedentes na história do futebol brasileiro.
Álvaro Vilaça é formado em Comunicação Social e Marketing, apresentador de TV, ex-narrador e ex-repórter esportivo da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, Diretor de Programação e Coordenador de Esportes da Rádio Eldorado e do Jornal Hoje Cidade. Também é o responsável pela coluna de Esportes do Jornal Notícia e é professor de Negociação, Compras e Marketing das Faculdades Promove de Sete Lagoas. Pós-Graduado em Administração e Marketing.