A bola vai rolar a partir deste final de semana para o começo do Campeonato Brasileiro. Neste primeiro momento o pontapé inicial contempla as Séries A, B e C. A Quarta Divisão tem previsão de começo a partir de setembro. Para todos os jogos oficiais do Brasileirão, pelo menos a princípio, não haverá presença de público nos estádios.
Para os clubes envolvidos, a edição 2020 do Campeonato Brasileiro vai representar uma batalha a ser vencida. Não apenas em campo, mas também no planejamento logístico. A competição continuará com 38 rodadas e vai durar de agosto até fevereiro de 2021. Com isso, os clubes terão que rever todo o processo de cronograma de voos, escolhas de hotéis e preparação de locais de treinos em outras cidades. Tudo isso, sem descuidar do novo coronavírus, cuja vacina ainda não está disponível no mercado.
Após reunião com representantes dos 40 clubes das duas primeiras divisões do Brasileirão, ocorrida no mês passado, a maioria dos clubes concordou em realizar jogos fora de suas cidades, caso algumas praças não estejam autorizadas a sediar partidas pelas autoridades locais de saúde.
Mantendo o calendário de pontos corridos, com jogos em ida e volta, seria necessário realizar uma média de duas partidas por semana, de forma a encerrar a competição no prazo de seis meses, e isso em meio a outros compromissos como Copa do Brasil e torneios continentais.
Além disso, há os estaduais: no momento, apenas o Carioca foi finalizado, o que pode gerar mais congestionamento de datas. Em Minas Gerais, por exemplo, não há datas disponíveis para que as partidas decisivas ocorram dentro do mês de agosto.
A lógica de treinos e intervalos para recuperação física deverá sofrer mudanças. A agenda apertada pode forçar um time a preferir, por exemplo, viajar para um jogo de antevéspera e não mais na véspera, por confiar que na cidade seguinte terá uma estrutura melhor para treinar e recuperar os atletas do cansaço da partida anterior. O rodízio de jogadores entre os jogos também deve se tornar uma constante. A FIFA autorizou que, pelo menos até o fim deste ano, em todos os jogos oficiais, cada equipe poderá promover até 05 substituições de atletas por jogo, desde que isso ocorra em no máximo três momentos. Alterações feitas nos intervalos não são computadas nessa estatística.
Um pedido dos clubes é que a tabela possa ser alterada para facilitar as viagens. Assim, um time pode realizar uma sequência de partidas em cidades próximas, para diminuir o desgaste. A CBF ainda não se manifestou sobre essa possibilidade e como a competição já vai começar, é pouco provável que isso, de fato, aconteça!
Uma série de novas medidas estabelecidas levam em consideração que a retomada do futebol se dará sem público. Qualquer alteração nesse quadro só será possível com o aval das autoridades de saúde.
Todas as partidas serão realizadas com acesso restrito ao campo de jogo e vestiários, limitado aos funcionários essenciais à administração do estádio no dia da partida, atletas das equipes e respectivas comissões técnicas, além da arbitragem, delegados da partida e controle de dopagem.
É o novo normal exigido, para que o futebol possa prosseguir com seu calendário, enquanto a humanidade não ganha a queda de braço contra a pior crise de saúde pública já presenciada pela geração atual!
Temporada desafiadora faz Cruzeiro trabalhar em várias frentes
O Cruzeiro iniciou o mês de agosto com grandes desafios a serem superados. O clube tem um alvo muito claro: Voltar à Série A do Brasileiro em 2021, ano de seu centenário. E nada vai tirar esse foco do clube. O técnico Enderson Moreira assumiu o Cruzeiro em março. Porém, a pandemia da Covid-19 criou obstáculos para a preparação da equipe. Com o futebol parado, ele só iniciou os trabalhos com os jogadores no fim de maio. Na retomada do Campeonato Mineiro, o time venceu dois compromissos, mas ficou fora das semifinais e teve que se submeter à disputa da Taça Inconfidência, torneio criado pela Federação Mineira de Futebol para os times que terminaram o Campeonato Estadual entre 5º e 8º lugares.
O treinador acredita que a equipe está “preparada” para iniciar a Série B, mas ainda não está pronta para toda a disputa. Vai evoluir no decorrer da competição.
“A gente está preparado, mas falar que está pronto seria ousadia de qualquer treinador. Temos essa semana para mexer em detalhes, ajustar a equipe. A gente está preparado para iniciar a Série B, sabendo que vai ser difícil”, disse o treinador.
Disputando a Série B pela primeira vez na sua história, o Cruzeiro tem o retorno à elite como principal objetivo nesta temporada. A estreia será no próximo sábado, contra o Botafogo-SP, no Mineirão, sem a presença de público.
FORA DE CAMPO: A semana do Cruzeiro está cheia de questões judiciais para serem resolvidas. Após perder causas para o ex-técnico do time Mano Menezes, para os atacantes Joel e Fred, além de não chegar a um acordo com o meia Robinho, a equipe mineira terá de solucionar uma ordem vinda da Justiça Federal de Minas Gerais, que deu o prazo até o fim desta semana para quitar uma dívida de R$ 29.868.276,03 milhões com a União.
A decisão determina que se não houver o pagamento no prazo ordenado, o clube poderá ter bens penhorados para honrar o débito. O Cruzeiro terá 30 dias para apresentar embargos à execução.
Outra possível sanção que poderá ser imposta pela Justiça é de bloquear valores financeiros da Raposa se o valor não for pago, ou ainda não apresentar bens penhoráveis. A situação pode chegar a tal ponto que até mesmo os carros que o clube utiliza podem ser colocados como bens a serem penhorados para quitar a dívida celeste. Até o valor de uma negociação com o Mineirão para quitar dívidas com o estádio, cerca de R$ 9,8 milhões, que já foram depositados, poderão ser requisitados para abater o débito.
O Cruzeiro se manifestou e disse que o clube tem uma dívida com a União de mais de R$ 329 milhões. Segundo a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, são R$ 326 milhões a serem pagos referentes a tributos e INSS, mais R$ 3 milhões junto a Receita Federal.
DOAÇÕES: O Cruzeiro vem criando outras formas de arrecadação para reforçar o caixa e pagar dívidas acumuladas do clube, cujo débito total supera os R$ 900 milhões. Uma alternativa adotada pela atual gestão foi a “Operação Fifa”, uma espécie de vaquinha virtual para receber doações, em recursos que, segundo o clube, serão utilizados exclusivamente para pagar débitos com agremiações estrangeiras. Se nos primeiros 10 dias o clube presenciou um “boom” em doações, ultrapassando os R$ 500 mil arrecadados, agora verifica uma freada brusca no valor total recebido.
Com um mês de arrecadações, o site que contabiliza e atualiza em tempo real o valor total e o número de doações, aponta que o valor recebido pelo clube é de pouco mais de R$ 650 mil, com quase 19 mil contribuições.
O ritmo de crescimento das doações diminuiu bastante em relação à primeira semana, a partir do dia do lançamento oficial, em 3 de julho. Na ocasião, em uma das transmissões realizadas pelo presidente do clube, Sérgio Santos Rodrigues, no dia 10, o clube anunciou que ultrapassara a marca de R$ 500 mil arrecadados em mais de 15 mil doações em apenas uma semana.
Galo x Fred
A expectativa é grande e a decisão deverá ser oficializada nos próximos dias! Na semana passada, durante a reunião do Conselho Deliberativo do Atlético, para apreciar as contas de 2019, o presidente Sérgio Sette Câmara, em seu pronunciamento, revelou que o cálculo do valor da multa cobrada do atacante Fred, por ter assinado contrato com o Cruzeiro no fim de 2017, se aproxima de R$ 14 milhões. A cobrança está em discussão em uma câmara arbitral.
“O Atlético, na minha gestão e já há alguns anos, é quase invicto nas discussões judiciais. Nós ganhamos praticamente tudo. A discussão com Fred está ainda em fase recursal, mas a decisão da Câmara Arbitral foi unânime. É uma dívida que, hoje, ele tem conosco de aproximadamente R$ 14 milhões”, disse Sette Câmara, exaltando o trabalho do departamento jurídico do clube, que tem o vice-presidente Lásaro Cândido da Cunha como responsável.
A briga jurídica vem desde o fim de 2017, quando Fred encerrou o contrato com o Atlético e as partes acertaram uma multa de R$ 10 milhões para o atacante, caso ele se transferisse para o Cruzeiro, o que ocorreu dias depois da rescisão.
O Atlético levou o caso para a Câmara Nacional de Resolução de Disputas. Fred tentou acionar a Justiça do Trabalho para derrubar a discussão na câmara arbitral. O jogador não obteve êxito e ainda viu o Galo ter decisão favorável na CNRD.
Fred recorreu ao Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem, que vai proferir sentença nos próximos dias.
Álvaro Vilaça é formado em Comunicação Social e Marketing, apresentador de TV, ex-narrador e ex-repórter esportivo da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte, Diretor de Programação e Coordenador de Esportes da Rádio Eldorado e do Jornal Hoje Cidade. Também é o responsável pela coluna de Esportes do Jornal Notícia e é professor de Negociação, Compras e Marketing das Faculdades Promove de Sete Lagoas. Pós-Graduado em Administração e Marketing.