A nova tendência Desde o tempo da crise econômica que muito afetou o cenário do consumo em todo o mundo vê-se uma mudança no panorama da moda. Não há mais a recorrência de fortes tendências que aparecem, hoje, como uma orientação ou linha de imagem que permanece não por uma, mas por várias temporadas. Linhas estéticas, jogos de cores, formas e modelagens já não são tão efêmeras, com toques duradouros dentro do guarda-roupa. O que antes ficava ultrapassado após um semestre agora pode ser aproveitado por um longo período, colocando em voga a importância da qualidade das peças a serem adquiridas.
O consumo exagerado perdeu força, dando lugar a compra consciente e controlada. Não se trata mais de um pensamento ideológico; a relação custo versus benefício é a cada instante mais valorizada, incitando o desejo de compras acertadas. Por tal razão a necessidade de se buscar roupas boas, adequadas à silhueta, e pertinentes a realidade de vida e estilo pessoal – gerando um amplo volume de combinações dentro do guarda-roupa, essa história que hoje já é tal real e possível.
Uma prova da importância da qualidade para compras investimento está em peças que estão já a algum tempo em voga, como é o caso da camisa jeans, as blusas de linhas navy, calças cenoura e mais recentemente os tons nude/pastel. São no mínimo dois verões que indicam esse tipo de imagem, já garantido também para a próxima temporada. A questão não é de uma falta de novidade, uma repetição sistemática de peças, mas sim a valorização da boa tendência bem estudada e pensada para agradar por muito tempo o crítico consumidor.
A concepção da compra de um produto com curto prazo de validade prejudica o orçamento e cansa o cliente que deseja, mais do que nunca, estabelecer laços e vínculos com suas roupas (e acessórios). São eles partes da vivência, forte estrutura do cotidiano, sendo muitas vezes difícil se desapegar de algo com que se tenha tanto sentimento e ligação. Não é que as pessoas estão ficando mais apegadas a produtos, o que se vê é a fortificação de uma ligação já é conhecida e analisada a muito tempo. Roupas não devem e nem vão durar no guarda-roupa por décadas, mas podem muito bem resistir a algumas temporadas sendo assim uma extensão de sua vida – assim como acontece com outros bens pessoais.
É visível essa faceta da moda, que em meio a tantas linhas frívolas parece conseguir lançar uma onda um pouco mais forte de utilidade a aproveitamento. A questão deixa de ser uma linha isolada da moda em si, passando para a casa do sistema da moda como uma extensão da cultura e da sociedade que, pela realidade de hoje, pede mais do que tecidos para cobrir a nudez. Espera-se sentimento, como investimento, para proteger e valorizar a alma.
Amanda Medeiros
Consultora de Estilo
www.conversinhafashion.com.br
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