Sair da rota viciada de compras e se aventurar por outras lojas e espaços pode, à princípio, parecer difícil mas é muito recompensador. O hábito de fazer aquisições em um único espaço possui suas vantagens, incluindo natural intimidade com o meio e conhecimento prévio do que ali será encontrado; porém, com o tempo, cria-se uma zona de conforto que acaba por quebrar quaisquer chances de mudança visual ou evolução no estilo pessoal, tendo em vista que marcas e/ou multimarcas muito raramente mudam seu foco de forma a afetar drasticamente o cliente. Essa mesma zona de conforto pode acabar atingindo outros campos da vida, em camadas que direta, ou indiretamente, se refletem na auto-estima. Tudo do mesmo, sempre igual, enjoa. Com isso quem constantemente compra num mesmo local acaba sendo vítima não da moda, mas das escolhas de um terceiro. É um ciclo quase que imperceptível. Pensando nisso surge a forte importância de sair do padrão – adornando vida e dia-a-dia de outras maneiras.
No meio desse caminho há o que é chamado de: o trauma da nova loja. Certos espaços não convidam o cliente a entrar e podem, até, intimidar o mesmo. Acabam por limitar o acesso por algum motivo. Surge, ainda, a dificuldade ou insegurança natural de enfrentar novos vendedores após se sentir tão a vontade com os mesmos de sempre. O que se deve fazer é quebrar essa barreira caso algo na loja lhe cause interesse. Mais do que se podar por vendedores ou portas que amedrontam vale ir além, sem se preocupar com a compra em si. Olhar, experimentar, é saudável; comprar nunca é uma obrigação.
Chega a hora de dialogar com o comércio da cidade de outra maneira, invertendo uma relação nada eficiente que se arrasta por décadas. Essa mudança, que irá desencadear em melhorias, deve sair da cobrança dos consumidores que precisam entender que não há nenhuma razão para se contentar com pouco ou aceitar um atendimento de mediano à ruim. A expansão do comércio, o crescimento das ofertas, trás a grande chance (ainda que tardia) de melhorar muito um tipo de cultura do mediano que atinge uma marcante fatia do mercado da cidade. Cabe a quem compra sair da mesmice, variar o leque de lojas visitadas, se divertir com outras alternativas forçando assim um processo natural de aprimoramento de todo o mercado. A partir do momento em que o consumidor entende seu lugar, domina sua capacidade de peça chave dentro do campo do consumo, o que fortalece e valida o aparecimento de novos pontos de vendas e/ou estabelecimentos como uma resposta à carência apresentada. Levar qualquer coisa, por falta de opção, não deve ser mais um hábito. Por tal razão o consumidor que cobra, que exige respeito, recebe um retorno positivo da concorrência que se adapta ao novo padrão de exigência apresentado. Na moda isso se mostra não só no crescimento das opções de roupas e acessórios, mas muito na melhoria do atendimento dos vendedores, na estrutura da própria loja (que precisa ser adequada, confortável e aconchegante para um bom processo de escolha) e, por fim, nas formas de pagamento e troca lembrando sempre que a venda não é nunca um jogo de favores… é, e precisa ser, um processo onde todos saem lucrando.
Amanda Medeiros
Consultora de Estilo