Em uma reunião de RH, com empresários de uma rede de supermercados, os mesmos me disseram com um tom quase de desespero, que não sabiam o que fazer para não contratarem “inimigos”. Estamos cansados de contratar funcionários, cumprir com todas nossas obrigações como empregador, cumprir com todas as rotinas e medidas para a qualidade de vida no trabalho e depois descobrimos que determinados funcionários, tentam ou até começam a praticar pequenos delitos, como pequenos furtos na tentativa de levar vantagens e ao mesmo tempo se passam por um funcionário de confiança.
São poucos os empresários que se dão ao luxo de não ter uma história para contar de funcionários com desvio de conduta, muitas delas graves que são descobertas após longos anos de pratica. Como gestor estratégico de pessoal e consultor em RH, entendo e convivo de perto com o problema que na percepção geral cresce a cada dia. O pior de tudo, é que nem sempre a empresa pode demitir por justa causa, por falta de provas suficientes acaba demitindo o funcionário sem levar adiante o ato de impropriedade cometido pelo funcionário.
Um Projeto de Lei que tramita na Câmara dos Deputados proíbe empregadores de monitorarem seus funcionários com equipamentos de filmagem. De acordo com a proposta, do deputado Assis Melo (PCdoB-RS), as filmagens seriam permitidas apenas por motivos de segurança patrimonial ou para estudos com a finalidade de melhorar segurança, saúde e produtividade do trabalhador.
Mesmo nesses casos, o monitoramento será provisório e a divulgação das imagens será permitida somente para apresentação em juízo ou em investigações de órgãos públicos. O projeto não traz detalhes sobre os casos nos quais o monitoramento seria proibido e também não prevê punições caso haja descumprimento da norma, mas mesmo assim abre um precedente a ser debatido e observado por todos os envolvidos na gestão de pessoas.
Já participei de fóruns de RH, em que discutimos a questão da ivasão de privacidade, versus o direito da empresa em monitorar seus investimentos e patrimônios através de câmeras de filmagens, acaba que os debates sempre tomam mais de dois rumos, os contras, aqueles que na maioria defedem a privacidade dos funcionários, os favoráveis que geralmente discutem os interesses das empresas e aqueles que não veem a influencia do monitoramento na decisão de um funcionário seguir uma boa conduta.
Há quem diga que a oportuidade faz o ladrão, prefiro ainda usar a maxima a moda antiga “quem é honesto é honesto” independente de qualquer tipo de monitoramento. Nesta batalha em que todos perdem, principalmente os funcionários honestos que sempre são a maioria, tem que passar pelo crivo de todos os cuidados cercados pela empresa para preservar seu patrimônio.
O caminho a ser seguido pelas empresas, ainda é o de sempre: observar, acompanhar, procurar conhecer cada vez mais seus colaboradores, adotar o máximo de medidas de segurança e controle desde que não firam os direitos dos mesmos. Ainda há muito o que discutir antes que ocorram importantes e necessárias reformas, sejam elas no código penal, na CLT e nos valores das pessoas como cidadãos de bem.
Com esta frase de Sócrates, “se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade” chamo atenção aos inúmeros cidadãos ótimos profissionais que jogam suas carreiras fora na tentativa de pequenos delitos na empresa, que mais cedo ou mais tarde sempre são descobertos, resultando em graves conseqüências, muitas delas inesperadas pelo profissional que tem a ignorante inocência de imaginar que nunca será descoberto.
Breno Boges é Consultor RH – Especialista em Gestão estratégica de Pessoas. Consultor em Sete Lagoas da Rede de Recrutadores do Brasil. Recrutador APOLO – www.APOLO.srv.br