EMPREGOS / Confissões Uruguaianas
Quero compartilhar uma entrevista interessante, que realizei com um artista de rua, que realiza apresentações nos sinais de trânsito da nossa cidade. São vários que se apresentam nos sinais. A escolha do entrevistado foi baseada no mais criativo e que sempre diversifica suas apresentações.
Nome: Pedro Davi Menezes, idade: 30 anos, país de origem: Uruguai, cidade: Artigas
Já se apresentou em sinais de trânsito, na Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai e em todas as grandes cidades do Brasil, agora em Sete Lagoas.
BBorges: Porque Sete Lagoas?
R: A cidade é alegre e receptiva, os cidadãos em sua maioria respeitam e valorizam meu trabalho.
BBorges: Há quanto tempo, se apresenta nas ruas?
R: A sete anos faço meu trabalho de apresentação nas ruas, mas sou convidado para apresentações em festas, shows e escolas.
BBorges: Como é a aceitação do seu trabalho nas ruas?
Pedro Davi: Em um dia após minha apresentação, ao receber moedas de uma senhora, passou um motoqueiro e disse: “Vai trabalhar vagabundo”. Bom! Tive que responder, é o que estou fazendo, sou malabarista e divirto as pessoas no stress do trânsito.
BBorges: Há sempre situações como esta?
Pedro Davi: “É melhor fazer isto do que roubar” ouviu esta frase de uma jovem ao se apresentar no trânsito. Há pessoas que trabalham e roubam na própria empresa, ser um artista de rua não quer dizer que é uma segunda opção para quem deveria estar roubando.
BBorges: Um momento marcante em Sete Lagoas.
Pedro Davi: Ao final de mais um dia de trabalho, ao solicitar a troca de moedas em determinado comércio da cidade, um homem ao meu lado disse, você ganhou isto tudo só hoje fazendo isto. Respondi que não, são resultados dos meus sete anos de treinamentos.
Só uma minoria vê nosso trabalho de forma marginalizada, afinal de contas há malabaristas de rua que são viciados e não possuem uma postura adequada profissional, mas isto há em todas as profissões e lugares. Sou feliz com o que faço, sempre estou me aperfeiçoando para uma boa apresentação em respeito ao meu público e minha profissão, estou partindo amanhã para a 14ª convenção de malabarismo e circo em São João Del Rei, que acontecerá no campus da Universidade Federal entre os dias 14 a 18 de novembro.
Reconheço que a maior dificuldade de nossa profissão é a percepção de alguns que imaginam que o artista de rua é alguém sem opção, drogados, viciados. Drogados e viciados há em todas as camadas da sociedade e profissões.
BBorges: Quais são seus planos e projetos para o futuro?
Pedro Davi: Atualmente estudo música, estou treinando outras apresentações para me tornar um profissional melhor, tenho uma namorada que me aguarda para casar e cuidarmos juntos do filho dela de três anos.
Ao terminar aqueles minutos de entrevista e receber um: “muchas gracias señor”, fui acometido de um sentimento singular: independente da nossa profissão haverá sempre o ponto mais importante que é o amor que sentimos por ela, as percepções alheias negativas que recaem sobre nós, servem de impulso para fazermos sempre o melhor para aqueles que nos valorizam.
Breno Boges
Bacharel em Administração pela UNIFEMM – Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas pela faculdade SENAC – BH – Consultor RH – Especialista em Gestão estrategica de Pessoas.
Consultor em Sete Lagoas e região da Rede de Recrutadores do Brasil.
Adminitrador da agência APOLO – www.APOLO.srv.br