Nessa coluna, vamos dar ênfase a um assunto que até hoje é muito comentado tanto no meio esportivo, como nas atividades cotidianas: o “choque térmico”.
Historicamente há um dito popular no qual as pessoas acreditam que se você está em um ambiente quente e depois se transfere para outro mais frio, pode ocasionar em malefícios para a saúde, tais como deslocamento da mandíbula, do maxilar, ou mesmo provocar um resfriado.
Vejamos bem: isso nada mais é do que um mito, que foi passado de pai para filho e assim, o conceito foi sendo formado. Um exemplo clássico que representa a ausência do chamado choque térmico é a sauna, que é uma prática milenar e tradicionalmente envolve um banho frio após cada sessão.
Vale lembrar que a temperatura da sauna fica entre 30ºC a 40ºC ao nível do solo e 80ºC a 100ºC ao nível da cabeça e a temperatura da água fica em torno de 20ºC. Isso então não provocaria o chamado “choque térmico”?
Um outro exemplo podemos verificar no futebol. Nos grandes estádios já são instaladas banheiras ou piscinas nos vestiários para que os jogadores, ao final das partidas, façam um trabalho de recuperação, através de imersão em água gelada. Para isso são utilizadas barras de gelo e a temperatura da água fica abaixo da temperatura ambiente. Isso também não provocaria o “choque térmico”?
As pessoas confundem os termos, o que pode ocasionar em efeitos adversos na homeostase é um choque hipertérmico, que nada mais é do que o acúmulo do calor no corpo, causado por atividade física prolongada em condições desfavoráveis (ambiente quente e úmido), ou mesmo a própria exposição ao calor com uma hidratação inadequada.
Essa prática pode fazer com que haja um aumento substancial na temperatura interna do nosso corpo e, isso sim, pode provocar problemas nas funções fisiológicas tais como distúrbios no sistema circulatório, excretor e podendo ainda ocasionar em coma ou morte. Por isso é necessário que os indivíduos bebam água adequadamente ao praticar atividades físicas, principalmente quando essas são realizadas em ambientes quentes.
Emerson Rodrigues Pereira (CREF 13880 G) é mestre em Ciências do esporte (UFMG -2011), graduado em Educação Física no UNI-BH (2006), pós graduado lato sensu em Nutrição Humana e Saúde (UFLA-2007) e em Treinamento Esportivo pela (UFMG -2008). Sua linha de pesquisa está relacionada à Fisiologia do Exercício com ênfase em termorregulação, metabolismo e fadiga.