Uma partida de futebol é considerada de intensidade moderada a alta, sendo que o atleta atua durante os jogos com valores próximos de 80% a 90% da freqüência cardíaca máxima. Com essa intensidade, o jogo é dividido em dois tempos de 45 minutos (min.) com intervalo de 15 min. entre estes, então o tempo total é de aproximadamente 105 min., sendo observados 15 min. para recuperação, isso sem contar o período de ativação (aquecimento dos atletas) e os acréscimos que o árbitro geralmente insere ao final do jogo.
Com essas características e com o agravante do estresse térmico, o que é considerado normal na região em que nos localizamos e as características do nosso clima, observa-se que há uma certa privação do acesso à ingestão de líquidos durante os jogos, sendo que a paralisação ocorre somente após 45 min. do início da partida. Comprovadamente, a facilidade de acesso tanto à comida como aos líquidos tem relação direta com a quantidade ingerida, e nesse contexto, o atleta muitas vezes fica inibido de beber água durante o jogo provavelmente pelo fato do jogo ser dinâmico e este ter que se deslocar para a lateral para receber a água, ficando ainda sua equipe com um jogador a menos durante esse tempo.
Apesar disso, a regra do futebol permite uma adequação em relação à paralisação sendo o árbitro responsável por interromper o jogo mesmo antes do final de cada tempo para os atletas se hidratarem, no entanto não observamos a ocorrência desse evento principalmente em clubes fechados ou no futebol de várzea. É necessário então que os diretores e organizadores de eventos esportivos observem essa necessidade de manter a integridade física dos atletas, orientando os árbitros em relação à necessidade de interromper jogos principalmente em condições quentes para evitar um dano maior aos atletas que podem entrar em processo de desidratação, hipertermia e até mesmo chegarem a óbito.
Emerson Rodrigues Pereira (CREF 13880 G) é graduado em Educação Física no UNI-BH (2006), pós graduado lato sensu em Nutrição Humana e Saúde UFLA(2007) e em Treinamento Esportivo pela UFMG (2008). Atualmente faz curso de mestrado em Ciências do Esporte na UFMG e está envolvido em pesquisas científicas relacionadas à Fisiologia do Exercício com ênfase em termorregulação, metabolismo e fadiga.