Acidentes de Trabalho, uma responsabilidade de todos.
Caros leitores,
O nosso meio ambiente envolve uma série de fatores, tais como a fauna, flora, nosso meio terrestre, os fatores climáticos, dentre outros. Seria o conjunto de todos os seres vivos e não vivos, presentes no nosso ecossistema e que venha a afetar ou não a vida humana. Quando uma parte do nosso corpo não funciona, corremos o risco de que o conjunto da obra seja afetado. Assim ocorre na natureza. A ação humana, aliada aos fatores naturais, previsíveis ou não, faz com que os danos ao meio ambiente e à saúde humana venham a ocorrer. Isso ocorre também no nosso ambiente social e de trabalho.
Temos visto inúmeras tragédias nos últimos dias e esse é o nosso assunto de hoje. Dentre esses acontecimentos, iremos destacar os incêndios em Santa Maria/RS e o recente acontecimento na loja Água e Lazer, esse ocorrido em Sete Lagoas/MG.
O que rege a segurança de empreendimentos, das condições de trabalho e dos trabalhadores e de todas as comunidades envolvidas é a Engenharia de Segurança do Trabalho. Os profissionais da área devem possuir qualificação, capacitação, habilitação ou autorização para exercer suas funções. Dentre suas atribuições, está a de prevenir riscos à saúde e a vida do trabalhador, administrar e garantir a segurança do meio industrial, organizar programas de prevenção de acidentes, elaborar planos de prevenção de riscos ambientais, fazer monitoramentos e emitir laudos de acordo com as normas técnicas brasileiras. Enfim, contribuir para a segurança do ambiente e das pessoas nele envolvidas.
Seguindo o que remete a NR-1, “as Normas Regulamentadoras – NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta ou indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.”
No caso da boate de Santa Maria/RS, será que houve respeito às NR’s? Como foi aceito o laudo técnico do local? Como concederam alvará de funcionamento à boate? Quem são os responsáveis? Esses são questionamentos, que infelizmente, só são feitos após o ocorrido. Podemos apontar algumas falhas no local, como:
– Excesso de pessoas no local (superlotação); Falta de manutenção dos extintores de incêndio (os extintores falharam no momento do fogo); sinalização e saídas de emergência inadequadas (havia apenas uma porta e as janelas eram fechadas); falta de comunicação entre os funcionários da boate (seguranças que tomavam conta da porta tentaram impedir a saída das pessoas, pelo fato não saber o que estava ocorrendo); utilização de material inflamável nos isolamentos acústicos; uso de objetos de fogo para realizar o show pirotécnico (em uma boate fechada?). Até mesmo a iluminação precária, que é um fator estrutural e contribuiu para a invisibilidade de quem estava no local. E outro detalhe, pouco mencionado. Se eu vou a um local com superlotação e condições precárias de uso, automaticamente estou contribuindo para um possível acidente de trabalho.
São erros, alguns deles primários, que resultaram numa tragédia a nível mundial e que jamais irá sair da mente dos envolvidos, e até mesmo de nós, que mesmo de longe, sentimos como que se estivéssemos no local, já que todos nós estamos sujeitos a isso. E isso não deveria ser normal, diga-se de passagem. A falta de responsabilidade dos proprietários é gritante, sendo que a boate apresentou um ambiente altamente insalubre e perigoso.
No caso do incêndio à loja Água e Lazer, um descaso total com os funcionários e a unidade do Corpo de Bombeiros da cidade. O incêndio aconteceu em uma loja de artigos de caça e pesca bastante conceituada e conhecida em Sete Lagoas/MG. Não vamos entrar no mérito das causas do acidente, porém irei citar abaixo o depoimento de quem esteve no local e conhece bem a loja:
“O Corpo de Bombeiros, fez um excelente trabalho diga-se de passagem. Fizeram o que tinha que fazer. Porém, o caminhão chegou e rapidamente, a água acabou. Em seguida chegou outro caminhão, esse com as mangueiras furadas. Uma mangueira chegou a se partir devida a forte pressão da água. No momento em que o primeiro caminhão foi embora, as chamas ainda não haviam se propagado por todo o local”
Vejam o absurdo da situação. Profissionais do Corpo de Bombeiros, devidamente capacitados e impedidos de realizar os seus trabalhos, por falta de equipamentos decentes para utilização.
As coisas tem que mudar. É necessário que haja uma fiscalização mais rigorosa nos empreendimentos que apresentem um mínimo grau de risco de acidentes de trabalho. O que deve ser feito é seguir o proposto nas normas técnicas. Devemos prevenir e atuar no sentido evitar o dano ambiental e à saúde humana. E um alerta importante aos profissionais da área: sejamos coerentes e tenhamos responsabilidade na hora de emitir um laudo técnico e nos tornar responsáveis por um empreendimento, pois estamos lhe dando com a vida de milhares de pessoas e a integridade física das mesmas.
Vamos nos conscientizar! Grande abraço a todos.
Emílio Melo Figueiredo / Engenheiro Ambiental – Crea_MG 144298D
HÁBITO AMBIENTAL – Engenharia & Negócios
Tel. (31) 3026-3656 / 8833-5288 / 9820-4255
Emílio Melo Figueiredo é Engenheiro Ambiental (CREA: MG-144298) e atua na empresa Hábito Ambiental – Engenharia e Representação Comercial Ltda. prestando serviços de consultoria a diversos clientes de Sete Lagoas e região. Atualmente está cursando Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho.