10 respostas para entender o atual cenário.
Considerações acerca do recente movimento de desvalorização dos mercados.
Ao longo de 2011, observamos um movimento bastante atípico nos mercados de capitais com intensa desvalorização das principais bolsas de valores.
1. O que está acontecendo com o mundo? Estamos passando, possivelmente, por uma revisão das expectativas de crescimento global por conta da deterioração econômica de uma série de países, em especial as economias desenvolvidas
2. Como isso começou? Observamos uma expressiva alavancagem das instituições financeiras até 2008, tendo seus balanços contaminados por carteiras de crédito consideradas “podres”. Para ajudar, os bancos centrais ao redor do mundo atuaram, conjuntamente, para recomprar os títulos em questão.
3. Onde isso foi parar? Com a “limpeza” dos balanços corporativos, os países que o fizeram passaram a ter seu balanço prejudicado. Excessos de gastos na tentativa de incentivar as economias contribuíram para uma alavancagem dos países, em especial os da Zona do Euro e os Estados Unidos, os mais afetados na crise de 2008.
4. Essa dificuldade pode levar ao fim da Zona do Euro? Difícil afirmar tal alegação, pois existe uma infinidade de variáveis que influenciam na construção de diversos cenários. Porém uma coisa é certa, nunca houve uma probabilidade tão elevada do fim da área comum européia como agora. Basicamente, a região é “sustentada” pelas economias superavitárias como da Alemanha e da França, que possuem uma situação macroeconômica mais confortável, mas ainda sim têm sua capacidade de atuação limitada.
5. Espanha e Itália são um problema? Sim, porque caso essas economias continuem a enfrentar dificuldades em “rolar” suas dívidas de curto prazo, os países em melhor situação fiscal podem não ter robustez para “acolher” esses dois países. É como dizer que Itália e Espanha são grandes demais para serem “carregados” pela Zona do Euro.
6. Os Estados Unidos também são um problema? Sim, pois os estímulos que o governo implementou desde a crise de 2008, não surtiram o efeito desejado. Com isso, importantes indicadores econômicos como atividade industrial, desemprego e confiança do consumidor permanecem em níveis alarmantes. Além disso, o país enfrenta a grave questão do seu elevado endividamento, que apesar de ter seu teto aumentado recentemente, ainda está em níveis preocupantes.
7. Qual o papel assumido pela China? O gigante asiático vem se movendo de forma cautelosa. O país teme pelos Estados Unidos, pois além deste ser seu principal parceiro comercial, também detém a maior parte das suas reservas cambias em dólares. Além disso, o país possui uma economia ainda muito primitiva, voltada ao mercado externo e sem um mercado interno suficientemente desenvolvido para sustentar seu pujante crescimento. Apesar de crescer a passos largos, o gigante asiático possui uma cultura ainda muito diferente do mundo ocidental, um regime político não democrático e uma moeda artificialmente desvalorizada para susten-tar suas exportações.
8. Então a crise externa seria mais uma “marolinha” por aqui? Difícil responder tal questão, pois não temos como precisar o tamanho (magnitude e durabilidade) da crise atual. O ponto principal de “contágio” de tal crise externa no Brasil se daria, em nosso entendimento, através de uma queda acentuada da demanda e dos preços de commodities, dado que ainda somos uma economia exportadora de produtos básicos
9. Brasil é uma economia dependente do mercado externo? Apesar de não ser uma ilha, vale a ressalva que o setor exportador hoje representa fatia inferior a 15% do PIB brasileiro, enquanto em economias emergentes comparáveis ao Brasil, tal número chega a 30%. Sendo assim, mesmo em um cenário de crise externa seríamos menos afetados que outros países.
10. Então o país está mais preparado do que em 2008? Sim. É diante da lição da última crise que o investidor precisa ter calma e buscar entender os fundamentos da economia nacional, pois com certeza refletirá e concordará que o País está mais forte do que na última crise. Assim, na medida em que a economia está aquecida e o mercado de trabalho pulsante, uma desaceleração mundial abriria espaço para a queda nas taxas de juros, tornando o mercado de renda fixa menos atraente.
CONCLUSÃO:
Tentamos discutir as principais questões dos investidores. Chegamos a uma clara constatação, de que os recentes movimentos envolvendo a economia dos Estados Unidos e Europa, serviram de estopim para uma expressiva aversão ao risco nos mercados globais de renda variável.
A solução não é simples pois deverá envolver uma ação coordenada de diversos bancos centrais provavelmente recomprando títulos de economias fragilizadas e conseqüentemente aliviando seus balanços. Por outro lado, os países ajudados seriam obrigados a promover cortes em seus orçamentos, bem como reduzir seus elevados benefícios sociais, o que por sua vez, refletiria negativamente na atividade econômica global.
Dada a complexidade do cenário, especialmente o europeu, põe-se em cheque a continuidade dos países fragilizados na Zona do Europa, que poderia futuramente representar uma cisão, ou até mesmo o fim da área comum européia.
Já no Brasil, fica evidente que o cenário é diferente. Nossa economia está superaquecida, sofrendo inclusive de inflação acima da sua meta. O país pode ser atingido por uma piora do cenário global, principalmente por conta de uma abrupta queda nas cotações das commodities, que são a base das exportações brasileiras. Ainda assim, com um “colchão de liquidez” bastante superior ao da crise de 2008 e com os fundamentos solidificados, acreditamos que, por mais que exista uma deterioração do cenário externo, o país encontra-se bem preparado.
Além disso, é importante lembrar que como uma economia emergente, o país goza de um crescimento acima da média mundial.
Por fim, tentamos esclarecer, o atual cenário da economia global e acho que cabe a cada um de nós observarmos até que ponto poderemos ser, ou não, afetados por tal crise.
Lembrando que na crise de 2008, o nosso xx Presidente informou que estávamos passando por uma pequena “marolinha”, no entanto, observamos alguns setores da economia em Sete Lagoas sofrendo diretamente com o acontecido, principalmente aqueles que tinham como base a exportação, como por exemplo, o setor de siderurgia.
No caso do mercado financeiro, acredito que, durante as crises aparecem boas oportunidades.
Um grande abraço a todos e até uma próxima oportunidade.
Dúvidas, críticas ou sugestões estou à disposição.
Felipe Campolina
felipe.campolina@
Assessor de investimentos. Sócio/Diretor da Vanguard Investimentos – Afiliada XP Corretora. Professor de Mercado Financeiro e de Capitais – Faculdade Promove.