Ninguém pode negar, pelo menos, no Brasil, o aumento de estrangeiros com perfis bem diferentes daqueles que estamos acostumados a encontrar nos pontos turísticos do país. Se você ainda não percebeu essa nova realidade, saiba que existe uma grande probabilidade de você chegar, no dia seguinte, ao ambiente de trabalho e se deparar com um colega estrangeiro ou, não raras as exceções, ser ele seu novo chefe.
Essa é uma cena bastante comum em empresas estrangeiras situadas no país, cujo intercâmbio entre profissionais que, embora trabalhem para a mesma empresa, moram em diferentes países. Logicamente, não se compara um relacionamento, em grande parte, limitada em e-mails ou telefonemas com o convívio diário no mesmo ambiente.
Pense como o convívio com pessoas da mesma cultura já gera diversos problemas de relacionamento. Lidar agora com essa nova realidade, talvez, nos ajude a perceber como o mundo de hoje vem aproximando pessoas de diferentes culturas. Também reforça a certeza que toda essa diferença não apaga a semelhança em cada ser humano, independente da sua nacionalidade.
Ao se deparar com um chefe estrangeiro, saiba que o desafio está lançado para ambos os lados. Tanto ele precisa se adaptar a essa nova realidade e, sem dúvida, necessitará da equipe para fazer isso acontecer, como a própria equipe precisa permitir que o líder tenha condições de aplicar a filosofia dele, aliada sempre com a conduta profissional exigida pela empresa.
Realmente as mudanças trazem um desconforto para todos os envolvidos. E é bem provável que a mudança cultural seja a mais difícil de negociar, já que um italiano não deixará de ser italiano por trabalhar no Brasil, ou um brasileiro não deixará suas raízes de lado por trabalhar em outro país. Tanto que nos momentos de maior estresse ou pressão é que se percebe como as nossas origens ainda estão fortemente enraizadas nas nossas ações.
Um forte indício desse tipo de atitude se observou quando um brasileiro fez uma viagem para o exterior. Houve, no aeroporto de destino, um problema com a bagagem dele. Sem obter muita ajuda, ele já desesperado soltou um palavrão, em português. Ao ouvir aquelas palavras, outro passageiro perguntou imediatamente se ele era brasileiro. De fato, o outro passageiro era brasileiro.
Trazendo esse exemplo para uma empresa, ainda que uma equipe não fale a mesma língua do chefe, no primeiro momento, não é impondo a cultura, os costumes ou a forma de trabalhar dele que fará a equipe compreendê-lo. Para ser ouvido, o chefe deve falar a mesma “língua” das pessoas com as quais ele está convivendo agora para depois ele analisar se de fato compensa mudar algo ou fazer alguma adequação. Do contrário, sem vacilar, haverá muita resistência por parte das pessoas em aceitar qualquer imposição.
Falando em idioma, talvez seja ele um grande empecilho para uma comunicação mais eficaz. Em termos profissionais, é importante aprender a falar um segundo idioma. Quando não for possível tal investimento, conviver com um profissional estrangeiro ajudará bastante a adquirir um conhecimento em outro idioma. Aproveitar, portanto, a oportunidade de conviver com tais pessoas o ajudará gratuitamente e sem muito sofrimento, além de dar maior visibilidade na empresa.
Outro ponto importante é ter em mente que chefe será sempre chefe, independente dele ser brasileiro ou não. Isso quer dizer que suas ações tendem a manter sua postura profissional adequada à empresa, mesmo diante de um chefe estrangeiro.
Vale ressaltar também que muitos profissionais ao trabalharem com um chefe estrangeiro conseguiram desenvolver melhor as habilidades deles, enquanto outros encontraram neste tipo de chefia bastante barreira para o crescimento profissional. De fato, não há um consenso se a empresa acertou ou não em contratar um profissional de fora para gerenciar a empresa.
Enfim, lidar com um chefe estrangeiro requer de cada um a compreensão de aceitar essa nova realidade e aprender com ela a aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. Como já é uma tendência do mercado há um bom tempo, não vejo o porquê de não acompanhar as mudanças e fazer delas mais um degrau para o crescimento profissional. Vai que seja em outro país!!!???
Franciney Carvalho é graduado em Administração com ênfase em Comércio Exterior pelas Faculdades Promove e pós-graduado em Logística pela UNA. Professor de Comércio Exterior nos cursos de Administração, Logística e Contabilidade no Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional – CEFAP.