Ela esperava ansiosamente pelos chocolates embrulhados nas gôndolas do supermercado. Ao entrar naqueles túneis enfeitados, seus olhos brilhavam. Seu sorriso, apesar de curto, expressava duas coisas: desejo e frustração, pois a ida ao supermercado com sua mãe foi para comprar o café, e não os ovos de Páscoa. Conta-se que nem se sabe se realmente sua mãe comprou, quiçá, o café. Ela deveria escolher, não por muitas opções, e sim por ter pouco dinheiro mesmo. Levaram o arroz.
“O café tá caro, né!”, balbuciou a mãe na frente do caixa.

Essa pequena introdução acima faz parte da vida diária de muitos brasileirinhos, crianças que mal sabem o que se comemora na Páscoa, mas sabem que, no embrulho, tem chocolate. Deseja-se exatamente o que não se pode! A expectativa comercial é vender muitos ovos de Páscoa, e está tudo bem. Há um comerciante ali por trás que depende disso para sobreviver e empregar pessoas. Há uma senhora que se beneficia da data para “levantar uma graninha extra” e pagar as contas. Ambas as práticas são legítimas.
A problemática aqui é escolher: café, arroz ou ovo de Páscoa? Há aqueles que podem se abastecer dos três e até mais. Há aqueles que haverão de escolher somente um dos itens — e o chocolate não será uma prioridade.
Antecedente à Páscoa, meu propósito é te levar a pensar onde foi que nos perdemos do verdadeiro sentido pascal: o amor que se dá pelo outro. O papo aqui não é sobre religião, apesar de ser uma data cristã. É sobre amor ao próximo! Te parece religioso? Um ateu não ama, então? Ama — e até faz caridade.
Então, o ponto é sobre nos sensibilizarmos, e, quem sabe, quando formos comprar os chocolates para nós, nos lembremos de levar café e arroz para alguém.
A expectativa da criança acima não é sobre os chocolates somente. Ela deseja o que seus olhos alcançam, o que a propaganda anuncia, mas o bolso de seus pais não pode sequer cogitar algo a mais no supermercado.
Aproveite esta Páscoa e leve amor em forma de vida e justiça. Vida não é só sobre arroz e café! É sobre um pequeno desejo de provar o chocolate que a criança acima só vê no supermercado e nos restos que seu coleguinha da escola leva na segunda-feira, pós-domingo de Páscoa.
Talvez essa não seja sua realidade e, por isso, pareça estar distante de você. Não se engane! Há uma criança esperando pão e ovos de Páscoa bem perto de nós.
Este texto pretende, sim, te sensibilizar sobre a lógica real de que uns têm e outros não têm, bem como te encorajar, neste ano, a levar café, arroz e ovos de Páscoa para alguém.
Este texto diferente deseja te influenciar a manifestar o amor que há em ti, em dias tão difíceis para muitas pessoas. Amar é o laço social mais forte que se pode manifestar e nos coloca na posição de servir sem interesse.
Faça sua boa ação — e me conte depois o que sentiu.
Feliz Páscoa!
Juliana A. M do Canto, psicóloga.
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