Vicky Cristina Barcelona! O melhor público de Woody Allen no Brasil. Essa foi a notícia do dia em todos os sites pelo país. O novo filme do diretor americano estreou na bilheteria nacional em segundo lugar perdendo apenas para “007 – Quantum of Solace”. O que ninguém deve estar entendendo é porque que um filme dentre tantos outros lançados toda semana pelo mundo afora, virou o destaque do dia. Pior, muitos ainda nem ouviram falar sobre ele ou sequer tiveram conhecimento de sua estréia. Garanto que a exclamação de todos deve ser a mesma neste momento: “também, com um nome desses”!
De acordo com as informações, além de superar o seu outro filme de 2005 “Match Point”, a nova comédia de Allen foi também o filme estreante com melhor desempenho nas bilheterias nacionais, com renda superior a R$ 1 milhão. Aí eu pergunto, não deve ser por causa do título do filme, né? Eu fui uma das expectadoras da comédia neste fim de semana. Fui com um amigo um pouco menos fanático por Woody Allen. Tive dois problemas ao sair da sala de cinema. O primeiro, pelo fanatismo que me referi acima. O segundo, pelo grau de envolvimento que tive com o filme.
Não vou aqui fazer um sinopse sobre a comédia, não pelo que dizem por aí sobre a falta de graça de saber a história antes de entrar na sala de cinema. Mesmo porque aprendi nos filmes de Allen que só se perde a graça ao ler uma sinopse, se o filme não tem uma boa direção e roteiro. Acredito que tem três pontos fundamentais sobre a boa recepção de “Vicky” tanto no Brasil quanto no exterior.
Pela primeira vez, Woody Allen resolveu filmar em Barcelona. Nos últimos anos, ele estava gravando em Londres, mas sua cidade cinematográfica mesmo, sempre foi Nova York. Acho que a trilha sonora e o visual cultural fascinante de Barcelona é um atrativo peculiar mesmo para aqueles que não curtem o diretor. E como disse o próprio Allen em uma entrevista recente sobre o filme, Barcelona é uma cidade exótica e uma das mais encantadoras da Europa.
Outro ponto surpreendente é o elenco. Dois artistas espanhóis de bastante expressão no cenário “cult”, Penélope Cruz e Javier Bardem produzem pela postura estrangeira e pelo diálogo em espanhol um clima extravagante no decorrer do filme. A musa atual do diretor também não poderia faltar, a atriz Scarlett Johansson e, por fim, uma novata, Rebeca Hall fecha o elenco. Uma mistura de personagens bem caricaturados de modo proposital por Woody Allen em uma configuração liberal sobre o amor.
Por último, o festival de Cannes rendeu boas críticas ao filme, uma das poucas comédias do festival. Mas o roteiro sobre o paralelo entre as pessoas que não conseguem se apaixonar, outras que se entregam profundamente e aquelas que se casam pelas razões da vida, traduzem melhor a nova comédia de Woody Allen.