Sempre que surge uma nova tecnologia para facilitar a nossa vida, a princípio, é uma maravilha. A princípio, já que o que reduz tempo e gera economia para uns pode representar o fim do emprego de outros.
Foi assim nos anos 90, quando os bancos substituíram muitos bancários por caixas automáticos. Foi assim nos anos 2000, quando a música digital quase matou a indústria fonográfica, incluindo aí as lojas de discos, e o download de filmes na internet praticamente extinguiu as locadoras de vídeo do mercado.
Os apocalípticos agora apontam os aplicativos de chamada de táxi como os novos vilões a ameaçar a existência das cooperativas de taxistas. Tudo porque esses aplicativos retiram das cooperativas o papel de intermediadoras entre os taxistas e os passageiros. Os três principais aplicativos no Brasil são o 99Taxis, o Taxibeat e o EasyTaxi (que também funciona em Belo Horizonte). Por enquanto nem vou mencionar o Uber, que pode até acabar com os aplicativos de táxi também.
Esses aplicativos – baixados gratuitamente em smartphones – funcionam da seguinte forma: o passageiro se cadastra e faz o login. Automaticamente, via GPS, o aplicativo reconhece a localização do passageiro. É feito então o rastreamento na região para saber qual taxista (também previamente cadastrado e logado no aplicativo) está mais próximo. Uma mensagem é enviada ao taxista que informa estar apto ou não a atender o passageiro.
Com o ok do motorista, uma mensagem é enviada ao passageiro informando os dados do taxista e do táxi, bem como o tempo provável de espera. Resumindo: é tudo o que uma cooperativa faz, sem precisar da cooperativa. E como as empresas por trás desses aplicativos faturam? Atualmente, cobrando do taxista uma porcentagem do valor da corrida, que geralmente não passa de R$ 2. Enquanto isso, as cooperativas cobram uma taxa de R$ 30 mil a R$ 40 mil mais uma mensalidade que varia entre R$ 500 e R$ 600. Ou seja: o taxista já sai de casa devendo à cooperativa.
Em São Paulo, a briga se arrasta desde 2013. A Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtaxi) entrou com um pedido junto ao Departamento de Transporte Público da prefeitura para regulamentar esses aplicativos (leia-se: fiscalizar e cobrar impostos, tornando-os menos competitivos). O problema é que as empresas que desenvolvem os aplicativos são da área de tecnologia, desenvolvem softwares. Não são empresas de táxi.
Naquele ano um amigo informou no Facebook que acabara de adquirir um seguro automotivo para o seu veículo. Fez tudo pela internet. E sentenciou: “as cooperativas de táxi já eram. Os próximos a perderem o emprego com as novas tecnologias são os corretores de seguro”. E na sua profissão? Será que um dia você poderá ser substituído por um aplicativo?
Marcelo Sander – @mbsander
Jornalista, especialista em Marketing Político, Gestão de Projetos Culturais e Web Jornalismo. Palestrante e professor de Novas Tecnologias, Marketing Digital, Comunicação Empresarial e Mercado Profissional nas Faculdades Promove. Gerente de Gestão Estratégica e de Resultados da Secretaria Municipal de Orçamento, Planejamento e Tecnologia de Sete Lagoas. Editor do blog www.mercadowebminas.com.br. Com passagens por agências digitais em Belo Horizonte, Governo de Minas, Prefeitura de Sete Lagoas e Câmara Municipal, trabalha com conteúdo web desde 2001.