Nas últimas eleições, o Digital se mostrou decisivo nas campanhas brasileiras e vem tomando um espaço cada vez mais importante na comunicação política em todo o mundo, num processo que tem deixado mais perguntas do que respostas. Mas o que as empresas e as marcas podem aprender com as últimas eleições, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos?
Mesmo com a liberação, por parte do TSE, do uso de anúncios (posts pagos) nas redes sociais, o recurso não foi muito utilizado pelos candidatos, tanto por desconhecimento das ferramentas quanto por não acreditarem muito nos efeitos da rede. Mas sem uma presença (também) digital, fica cada vez mais difícil se (re)eleger.
Vimos grandes nomes, tidos como favoritos, gastadores de verdadeiras fortunas nas campanhas, amargando péssimas colocações. E vimos também alguns candidatos considerados “zebras” sendo eleitos. Vou pegar apenas dois exemplos: Jair Bolsonaro e Romeu Zema. Percebo que, afinidades políticas à parte, ambos tiveram em comum uma militância bastante aguerrida. E quando falo em militância, não estou me referindo a cabos eleitorais pagos pelas campanhas, mas sim a pessoas comuns, que atenderam ao chamado e se doaram (fosse em forma de tempo ou de postagens em suas redes) para seus candidatos. Tanto eleitores de Bolsonaro quanto eleitores de Zema foram mais que eleitores: foram cabos eleitorais gratuitos (e chatos muitas vezes…rs).
E é exatamente disso que sua empresa precisa para não se ver presa à necessidade de postagens pagas: seguidores aguerridos, defensores ativos da marca, gente que fale de você com certa frequência. E isso é muito mais do que ter micro influenciadores digitais eventualmente falando da sua marca (e eles são pagos por isso, ou em forma de dinheiro ou de permuta).
Mas como ter esses seguidores? Bom, o que Bolsonaro e Zema fizeram para isso? Tenho meus palpites:
– Em um cenário político de grande insatisfação, se apresentaram nas redes sociais como solução. Entenda a dor do seu cliente e se coloque como solução do problema dele.
– Usaram de simplicidade nos discursos. Nada de efeitos especiais, edições mirabolantes. Na grande maioria das vezes era um bom discurso e um celular. O que importa é o conteúdo! A geração de hoje não quer mais anúncios bem produzidos. Quer conteúdos com os quais eles se identifiquem.
– Se relacionaram com seu público. Ainda hoje, envie uma mensagem para o perfil de Bolsonaro ou Zema e tenha grandes chances de ser respondido, seja por um deles ou por assessores. Você interaje com seu público nas redes? Gera relatórios de interação? Sabe dizer quantos comentários recebe e quantos responde por mês? Depois de certo tempo, volta a interagir com potenciais clientes para ver se ainda têm dúvidas? Muitas vezes eles estão a um passo de comprar de você, mas não o fazem porque simplesmente se esqueceram de você. Relembre-os que você existe e está ali para atendê-los.
– Identifique mesmo offline pessoas que têm perfil para falar bem da sua marca na internet. No início podem ser amigos, parentes, funcionários, melhores clientes… Pedir uma avaliação positiva ou comentário elogioso não é ruim, pelo contrário. As pessoas se sentiram lisonjeadas por terem sido lembradas. Em tempos de redes sociais, mais vale o que os outros falam da sua marca do que o que a sua marca fala de si mesma.
Bom, é possível tirar muito mais ensinamentos se continuarmos analisando. Aprendeu alguma coisa sobre marketing digital e novas tecnologias nessas eleições? Compartilhe com a gente nos comentários. 😉
Marcelo Sander – @mbsander
Jornalista, especialista em Marketing Político, Gestão de Projetos Culturais e Web Jornalismo. Palestrante e professor de Novas Tecnologias, Marketing Digital, Comunicação Empresarial e Mercado Profissional nas Faculdades Promove. Gerente de Gestão Estratégica e de Resultados da Secretaria Municipal de Orçamento, Planejamento e Tecnologia de Sete Lagoas. Editor do blog www.mercadowebminas.com.br. Com passagens por agências digitais em Belo Horizonte, Governo de Minas, Prefeitura de Sete Lagoas e Câmara Municipal, trabalha com conteúdo web desde 2001.