No mundo contemporâneo os corpos estão em evidência. Revistas, programas de TV, fotos, vídeos, redes sociais quase sempre trazem algum destaque para esse tema. Mas, em muitos casos, a imagem que a mídia procura propagar e vender é de um corpo perfeito, simétrico, detalhado. E, não muito raro, toda essa idealização quanto à imagem é vinculada a outras áreas da vida, como se o valor pessoal estivesse atrelado à aparência física. E, todo esse cenário, influencia na maneira como as pessoas “se olham no espelho”.
Cada pessoa carrega afetos, percepções e atitudes pelo próprio corpo, e tudo isso compõe a sua compreensão de imagem corporal. Essa imagem é a representação mental que cada um faz do seu corpo considerando as formas, o tamanho, a aparência, o peso e tudo relacionado à sua configuração.
É comum ter uma preocupação com o corpo, buscar profissionais, tratamentos estéticos ou treinamento físico para a melhoria e manutenção da própria imagem. Esse movimento contribui para a autoestima e o autoconceito. Porém, esse quadro passa a ser um problema quando a preocupação se torna exagerada e, as práticas na procura da beleza se transformam em agressões ao corpo. São horas infindáveis de atividades físicas, comportamentos alimentares rígidos, inúmeros procedimentos estéticos e uma insatisfação sempre presente.
Esse forte conceito negativo da imagem corporal muitas vezes está associado a transtornos da alimentação e da imagem, como a anorexia nervosa (medo intenso de ganhar peso, com adoção de práticas alimentares extremamente restritivas), a bulimia nervosa (episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios para evitar o ganho de peso) e a dismorfia corporal (intensa preocupação e insatisfação com uma ou mais partes do corpo).
Querer uma aparência mais bela é algo normal e tem relação com o bem-estar. Mas esse “querer” deve ter como base um julgamento saudável da imagem corporal e o reconhecimento de características e particularidades pessoais que estão além de formas físicas.
FONTE:
VERAS, A. L. L. Desenvolvimento e construção da imagem corporal na atualidade: um olhar cognitivo comportamental. Revista Bras. de Terapia Cognitiva. Rio de Janeiro, 2010.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: ARTMED, 2014.
Graduada em Psicologia (FCV), formação em Psicologia Clínica da Obesidade e Emagrecimento (CESDE). Psicóloga Clínica no consultório Vínculos Psicologia Clínica e Saúde.