A Psicologia ajudou a popularizar a palavra resiliência que ganhou espaço no nosso dia a dia. Mas o termo tem sua origem no campo da Física e diz da capacidade que um material tem em resistir um impacto e voltar a sua forma original. Mas, e quando falamos em pessoas, como esse fenômeno de fato ocorre?
“A capacidade da pessoa em resistir e superar as adversidades.” Essa é a definição mais frequente que encontramos de resiliência quando relacionada ao comportamento humano. Mas, colocada somente dessa forma, a resiliência pode ser vista como algo natural e permanente, ou seja, uma pessoa considerada “resiliente” teria sempre uma mesma maneira de enfrentamento e superação das dificuldades, sem considerar outras variáveis envolvidas.
Estudos mais recentes mostram que a resiliência é na verdade um processo dinâmico, que se desenvolve na interação entre o indivíduo, o problema e as circunstâncias em que tudo ocorre. É através dessa interação que uma pessoa pode encontrar ou desenvolver estratégias de enfrentamento dentro do campo de suas possibilidades. Mas isso não depende apenas das suas características, envolve também outros fatores.
Então, para pensar em resiliência, precisamos analisar: primeiro, os fatores relacionados à pessoa (histórico e experiência de vida, questões do seu desenvolvimento atual, qualidades e limitações). Segundo, as características do problema em questão (magnitude, duração, possíveis efeitos de curto e longo prazo), e terceiro as particularidades do contexto dessa pessoa (relacionamentos pessoais, rede de apoio e suporte social).
Assim, entender a resiliência como uma característica pessoal e fixa de alguns indivíduos, desconsiderando os fatores circunstanciais e sociais, contribui para estigmatizar aqueles que não têm sucesso diante de algumas adversidades e assim, acabam sendo responsabilizados por uma suposta falha pessoal e unicamente por isso.
E, se pensarmos que somos constantemente desafiados, que diariamente esbarramos em situações difíceis, não estaríamos todos praticando, de diferentes maneiras, a resiliência?
Fonte: PINHEIRO, Débora Patrícia Nemer. A resiliência em discussão. Revista Psicologia em estudo, 2014.
Graduada em Psicologia (FCV), pós-graduanda em Terapia Cognitivo-Comportamental (Instituto Cognitivo). Psicóloga Clínica na Empremed – Clínica Médica e no consultório Vínculos Psicologia Clínica e Saúde.