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Cultura do cancelamento: cancelar pessoas para conscientizar? / Coluna / Mirela Leal / Psicologia

Recentemente a expressão “cultura do cancelamento” ganhou destaque nos vários meios de mídia e comunicação, devido a exposição clara desse fenômeno no programa Big Brother Brasil. Mas o tema não é uma novidade, em 2019 foi considerado o termo do ano e também, do ponto de vista social, não é uma prática nova.

Normalmente, o cancelamento começa com situações nas quais pessoas (públicas ou não), passam a receber críticas e bloqueios após serem acusadas de tomar atitudes interpretadas como condenáveis, isso tanto no presencial quanto no virtual. Vale lembrar que o mesmo pode acontecer com empresas e marcas.

O cancelamento pode ser visto por vários anglos: um deles equivale em desacreditar uma pessoa porque apresenta um pensamento diferente de um grupo. Outra maneira de olhar o fenômeno é compreendê-lo como um confronto a determinados poderes que violam a diversidade humana.

Porém, qual seria o objetivo dessa ação? Educar? Conscientizar? Dificilmente esses resultados serão alcançados com eficiência por meio de uma atitude tão violenta que é o cancelamento de uma pessoa.

Na ação de cancelar alguém, o que importa são os erros e não o que essa pessoa poderia aprender com eles. Ao ser excluído do grupo o cancelado é afastado do assunto em questão e não existe espaço para um diálogo, troca de opiniões e críticas construtivas.

Outro ponto importante é que na pressa de se posicionar muitos não adotam um olhar crítico para a situação, fazendo apenas um recorte do comportamento da pessoa naquele dado momento, desconsiderando todos os outros fatos e tudo que a pessoa é.

Em muitos casos a cultura de anular o outro tem efeitos para os dois lados: pessoas que cancelam podem se tornar críticos demais e intolerantes. Cancelados podem sentir desprezo e desconsideração. Além de “contaminar” todo o ambiente com hostilidade e injustiças.

É preciso compreender que todo encontro humano tem conflitos, mas esses conflitos e divergências não precisam ser necessariamente palco para confrontos. Somos seres humanos, somos falhos. Entre erros e acertos deve haver espaço para questionamentos e debates construtivos.

Graduada em Psicologia (FCV), pós-graduanda em Terapia Cognitivo-Comportamental (Instituto Cognitivo). Psicóloga Clínica na Empremed - Clínica Médica e no consultório Vínculos Psicologia Clínica e Saúde.




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