A nossa vida é feita de incertezas. Tomei a decisão certa? Escolhi o mais adequado? Optei pelo melhor caminho? Essas são perguntas que acompanham as pequenas e grandes decisões, os momentos mais triviais e os mais significativos da nossa vida. No entanto, em situações de crise e em circunstâncias com resultados imponderáveis, os sentimentos de incerteza podem ser mais difíceis de gerir.
Nesses momentos, somos governados pela ideia de “E se” que nos coloca em dúvida e com sensação de estagnação: “E se as coisas não melhorarem?”, “E se eu perder o emprego?”, “E se meu relacionamento não durar?”. Porém, sendo impossível garantir que o futuro aconteça da forma como imaginamos, tentar responder essa sequência de perguntas tem como resultado: desgaste, ansiedade e frustação.
Então, se a incerteza é algo certo em nossas vidas, por que é tão difícil lidar com ela? A verdade é que a previsibilidade nos dá uma sensação maior de controle e conforto no nosso dia a dia. Preferimos saber o que vem a seguir, saber as consequências diretas das nossas escolhas e comportamentos do que enfrentar algo desconhecido.
Porém, mesmo com toda imprevisibilidade da vida, ainda assim podemos lograr recursos para conviver melhor com a incerteza. Podemos começar observando nossa reação em situações incertas, questionando como estão nossos pensamentos e comportamentos nesse dado momento: flexíveis e criativos? Rígidos e improdutivos? E ainda, repensar os eventos de nossa vida que implicaram grande esforço em um cenário duvidoso e que, mesmo assim, arriscamos: o que houve de aprendizado?
A incerteza está sempre presente trazendo um certo desconforto, mas não o impedimento de continuar. E, como disse o escritor Mia Couto: “Ao fim e ao cabo, a incerteza é um abraço que damos ao futuro. A incerteza é uma ponte entre o que somos e os outros que seremos”
Graduada em Psicologia (FCV), pós-graduanda em Terapia Cognitivo-Comportamental (Instituto Cognitivo). Psicóloga Clínica na Empremed – Clínica Médica e no consultório Vínculos Psicologia Clínica e Saúde.