E toda a confusão rotineira perdeu-se enquanto os carros, com toda a sua pressa para chegar a algum lugar, perdiam-se em meio às árvores, tão insignificantes para elas quanto os seres humanos com todo o seu caos em meio aos prédios frios, imponentes, meras tocas construídas para esconder a loucura de quem os habita.
Distante de todo o drama, de todo o falso moralismo dos reis de barro que desconstroem a verdade e a pureza dos outros em seus castelos de areia, erguidos com a boa vontade e esforço de seres ingênuos, delicados. Maleáveis.
Distante de toda a energia negativa que emana de uma tentativa falha de lucrar com o trabalho do próximo, de toda a manipulação.
Havia somente paz.
As únicas cores provinham de suas mentes, os olhos fechados para a cidade que se destruía abaixo deles, numa estúpida guerra egoísta, em que seus combatentes caminhavam para a morte de sua vontade própria, todos engolidos pela normalidade imposta por aquele que comanda todos os movimentos de seus fantoches.
Os únicos devaneios provinham de seus corpos entrelaçados para as nuvens que pararam de chorar pela falta de poesia no coração dos homens.
As únicas palavras provinham do rasgo das pétalas das flores, tão frágeis, inocentes, vulneráveis à maldade, que os trouxe de volta, despertos num mundo de criaturas adormecidas pela preguiça de serem quem são.
Paula Kilesse cursa Sistemas de Informação e escreve contos e poesias. A coluna Distopia tem como objetivo expandir seu universo, levar suas histórias para a população da cidade e indicar trabalhos similares ao seu; que destoam do usual.