Ligo a TV, não passam cinco minutos, e toda uma avalanche de calamidades toma conta da tela. E todo início de ano são as mesmas tragédias: enchentes nas grandes cidades!
Mas o que isso tem a ver com Gestão Empresarial!? Explico:
Nos telejornais, entrevistam a Dona Maria e, com propriedade, esticam a história da má sorte dela, como tudo aconteceu, qual o tamanho da família, o que fazem, como estão se sentindo diante das perdas materiais, quais serão os próximos passos.
Em relação a estas notícias, somos espectadores da revolta alheia, e não é difícil nosso bom senso ser traído e começarmos a pensar que chuvas de verão terão sempre cara de tragédia, assim como foi para a Dona Maria. Mas, pensar desta forma não resolve o problema, ainda mais se formos aqueles que têm que por dever público a obrigação de buscar uma solução efetiva.
Neste sentido, o que realmente tem relevância é o fato de que as enchentes se formam basicamente pela falta de escoamento. E, sobre isto, quais são as atitudes a serem tomadas para que nas próximas chuvas não ocorram outros infortúnios como o que ocorreu com a Dona Maria e sua família?!
Não solucionar o problema e apenas remediar a situação faz com que certas pessoas sejam mais importantes e lembradas, tornando-as em alguns momentos até mesmo heróis, que sobrevivem do sensacionalismo.
Sob este prisma, é percebível, e não muito raro dentro das empresas, que o colaborador mais importante não seja aquele que sempre busca a prevenção de problemas (aliás, este nem aparece), mas o “cara” que “resolve”, que dá um “jeitinho”, que põe “panos quentes”, que “convence”, esse acaba por levar o rótulo de “essencial” para a “sobrevivência” da empresa. Esta figura fica torcendo para que ocorra uma “enchente”, no intuito de brilhar e ser a “notícia”, afinal, à sombra desta memória da empresa, às vezes em forma de quadro “funcionário do mês”, fica a luz de um holofote que cega para as mazelas organizacionais.
Nos jornais qual seria a notícia de capa que venderia mais?
– Obras foram feitas para evitar as próximas enchentes.
– Tragédia! Enchente deixa mais de 500 famílias desabrigadas.
Como dissemos, a história mais lembrada não é a preventiva, mas a da “sobrevivência”.
Só existem duas formas de planejar: antes (preventiva) e depois (corretiva), a segunda geralmente é mais onerosa e também a de maior repercussão.
Na verdade, a história que realmente deveria ser a mais lembrada, a do planejamento, da organização, da gerência, dos projetos e etc., deixa espaço para o estresse.
Quais foram suas “tragédias” dos 12 meses anteriores? Você tem um ano pela frente agora, vai prevenir ou vai continuar gastando tempo na sobrevivência?
Wagner Alessandro Nogueira é Adm. de Empresas com Pós-graduação em Gestão de Negócios e MBA em Gestão de Varejo e Vendas. Consultor e Instrutor em Gestão Empresarial. Contato: consultoria@officebr.com