Qual o propósito da empresa? Isso mesmo, a proposta da empresa de sua propriedade ou mesmo da qual você trabalha.
Se pensar muito para responder, significa que ainda não tem um propósito definido. Não tem um “plano de voo” ou mesmo um “mapa” para seguir de forma mais eficiente e focada.
Mas existe um meio termo: caso responda que o que norteia os passos da empresa ainda não está claro o bastante… há ao menos uma criticidade e necessidade de ajustar um caminho.
Segundo o Greg Mckeown no livro essencialismo, existe diferença entre “claro o bastante” e “realmente claro”. Neste sentido e, a título de ilustração, qualquer pessoa que usa óculos sabe que há uma enorme diferença entre enxergar claro o bastante e realmente claro.
Aplicando esta diferença no mundo empresarial, enxergar somente até ali tira uma grande oportunidade da empresa de se posicionar no mercado, de ser reconhecida como referência na sua área, por pura falta de foco (visão embaçada e indefinida do seu propósito). Toda empresa possui, entre tantos outros atributos, um objetivo social, a partir do momento que mantém-se ativa na sua essência, empregando e atendendo demandas, sendo mais competitiva e contribuindo para uma economia mais forte.
Sem foco, há desperdícios de tempo e energia e, posso afirmar, também não há liderança. Afinal, se o líder não sabe para onde vai conduzir a empresa, quem o seguirá?
Funciona assim: sem liderança não há rumo, não há orientações claras, não há uniformidade. Na falta da liderança as pessoas inseridas neste contexto buscam situações que promovam interesses pessoais de forma muita imediatista, cada um tocando seu instrumento de acordo com sua consciência, numa orquestra sem maestro. Pode até ser que no meio deste caos, tenha realmente um “instrumento afinado”, mas pergunto leitor, ele aparece… ou seja, é perceptível?
Esta é a receita para se queimar um bom profissional, nivelando para baixo sem evidenciar sua colaboração.
Continuando nossa discussão sobre “claro o bastante” x “realmente claro”, temos que realmente claro remete à administração dos recursos de qualquer natureza, ao entendimento de propósito e a razão do objetivo social. Realmente claro, é entender que ainda não possuindo todos os recursos necessários, uma longa caminhada começa pelo primeiro passo, e a continuidade nesta estrada carece de, tempos em tempos, paradas para reabastecer e verificar o progresso percorrido. Realmente claro, embora exigindo mais tempo, esforço e preparação do caminho, traz vantagens que de outra forma não teríamos e, como exemplo, podemos citar a utilização dos recursos de forma mais eficiente.
Sobre o valor da preparação, menciono a história de Roald Amundsen e Robert Falcon Scott na disputa épica ser o primeiro da história moderna a chegar ao Polo Sul.
Tinham exatamente o mesmo objetivo, mas preparações diferentes. Amundsen estudou muito e se preparou para tudo o que pudesse dar errado; Scott tinha muita fé e torceu para que acontecesse tudo certo… Só levou um termômetro na viagem e ficou furioso quando ele quebrou. Amundsen levou quatro termômetros. Scott armazenou 1 tonelada de alimentos para os 17 homens que liderava. Amundsen, de forma estratégica, levou 3 toneladas. Sem muito pensar, Scott guardou todos os suprimentos para a viagem de volta num único lugar, e o marcou com apenas uma bandeira —se saísse só um pouquinho do rumo, a equipe não o encontraria. Amundsen, pelo seu planejamento e, entendendo o risco, distribuiu os alimentos da volta em 20 marcadores a quilômetros de distância uns dos outros, ampliando a chance de sua equipe encontrar. Roald Amundsen se dedicou muito no planejamento e preparação para viagem, ao passo que Robert Falcon Scott fez apenas o mínimo. Enquanto Amundsen estudava seu plano, Scott torcia pelas circunstâncias ideais. Enquanto os homens de Scott sofreram fome e queimaduras causadas pelo gelo, a viagem da equipe de Amundsen seguiu relativamente sem problemas graves. Amundsen teve sucesso. Scott e sua equipe morreram tragicamente.
Este é um excelente exemplo da diferença entre “claro o bastante” e “realmente claro”.
Na verdade, essa é uma experiência real, utilizada por Jim Collins e Morten Hansen, para demonstrar a razão pela qual algumas empresas prosperam em circunstâncias extremas e difíceis e outras não.
Agora é saber para onde você leva sua equipe… ou sendo da equipe para onde estão te levando.
Wagner Alessandro Nogueira é Adm. de Empresas com Pós-graduação em Gestão de Negócios e MBA em Gestão de Varejo e Vendas. Consultor e Instrutor em Gestão Empresarial. Contato: consultoria@officebr.com