Não é raro encontrar pessoas que tiveram um empréstimo ou financiamento recusado pelo banco, sem que exista motivo algum aparente para isso, argumentando ainda, que a própria instituição não deu qualquer explicação sobre o que motivou a recusa.
Na verdade, muitos dos critérios são internos e relacionados com os objetivos do banco, ou seja, não basta ter o nome livre do cadastro de negativados para que o crédito seja concedido.
As instituições financeiras podem, na maioria das vezes, utilizar sistema de pontuação que avalia o risco da operação, classificando o cliente pelo potencial de honrar a devolução do recurso.
Esta pontuação, chamada de SCORE, é recheada de informações, como dados pessoais e estatísticos.
As instituições utilizam complexas ferramentas, que são aprimoradas ao longo do tempo, e que servem de suporte para a tomada de decisão na liberação ou não do empréstimo para o cliente.
Apesar de não ser possível precisar a razão de uma eventual recusa de crédito, segue 8 fatores determinantes que contribuem para isso. Confira:
1 – Falta de relacionamento com os bancos
Não ter conta bancária ou pouca movimentação, não estabelece relacionamento bancário e nem histórico de perfil. Ou seja, emitir cheque, pagar boletos, fazer transferências, depósitos, etc. gera informações úteis para a instituição financeira. É complicado emprestar dinheiro para alguém que não se conhece direito.
2- Renda comprometida com empréstimos
Ter a renda já comprometida além de 30% da renda mensal comprovada ou já ter empréstimos longos, também pesam na estatística do banco.
3- Contas vencidas e/ou atrasadas
Ter histórico de atrasos e inadimplência, ainda que no momento de pleitear o crédito não tenha restrição, é motivo suficiente para a negativa da concessão do crédito.
Dependendo da situação, as Instituições utilizam inclusive informações de pontualidade das contas recorrentes, tais como: água, energia elétrica, telefone, etc.
4- Crédito negociado anteriormente a favor do cliente
O cliente que propôs renegociar determinada dívida (que por algum motivo não foi liquidada nos termos da contratação) e obteve êxito, fez com que o banco “concedesse descontos” para viabilizar o recebimento do empréstimo. Assim, para as próximas negociações a instituição financeira não vai “esquecer” do prejuízo que teve com aquele cliente.
5- Disciplina em acessar os créditos
O relacionamento bancário conta muito, por exemplo, o cliente que invade com frequência o cheque especial é visto de forma diferente daquele que usa de forma comedida um cartão de credito e paga a fatura integral e pontualmente.
Ter crédito pré-liberado e não usar, mostra a suficiência de recursos do correntista, trazendo pontos a favor na hora de pleitear um crédito específico.
6- Não ter garantia suficiente
Outra situação comum ocorre quando a instituição bancária exige uma garantia, no intuito de diminuir o risco da operação. Não tendo o cliente condições de disponibilizar tal garantia, a negociação não será concluída.
Imóveis e até mesmo veículos podem servir como garantia, pois na falta do pagamento, o banco terá direito à posse do mesmo.
7- Perfil do cliente
É avaliado se o cliente é informal, autônomo ou assalariado, salário fixo ou comissão, sua profissão, onde trabalha, tipo de vínculo, renda, estado civil, etc.
Estas análises podem trazer questões relacionadas à estabilidade profissional e financeira, o que contribui para a apreciação do banco na hora de conceder o crédito.
8- Incertezas no cenário econômico
Os bancos podem ficar mais cautelosos em cenários econômicos instáveis e elevar os seus critérios de avaliação, acabando por deixar de fora muitos clientes que, em outro cenário, assinariam contratos.
Neste sentido, os bancos têm seus cadastros internos e o objetivo é proteger a própria instituição do risco da inadimplência, o que até então é uma prática legal.
Os bancos não precisam dar uma resposta com informações minuciosas, até porque lidam com informações bastante sigilosas, mas é razoável que retorne ao cliente com uma justificativa.
Caso o cliente realmente queira saber mais detalhes sobre a não aprovação do crédito (ainda que por critério interno do banco) e não esteja satisfeito com o tratamento que recebeu da instituição financeira, pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor ou mesmo à orientação jurídica, para buscar informações a respeito do crédito negado.
Wagner Alessandro Nogueira é Adm. de Empresas com Pós-graduação em Gestão de Negócios e MBA em Gestão de Varejo e Vendas. Consultor e Instrutor em Gestão Empresarial. Contato: consultoria@officebr.com