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Dia do Homem: bom momento para se discutir a masculinidade tóxica

Você já ouviu falar do termo "masculinidade tóxica"? O Dia do Homem, celebrado nesta segunda-feira (15), pode ser um bom momento para discutir o conceito. Uma pesquisa publicada pelo Google BrandLab mostrou que 75% dos homens brasileiros desconhecem o termo, mas que os efeitos do que ele representa são sentidos também pela maioria, entre eles a repressão de sentimentos imposta aos indivíduos do sexo masculino, segundo o "Dossiê: A Nova Masculinidade e os Homens Brasileiros".

Noções arcaicas de masculinidade oprimem homens e mulheres./ Foto: ReproduçãoNoções arcaicas de masculinidade oprimem homens e mulheres./ Foto: Reprodução

Na lógica de masculinidade vivida hoje, homem não chora, não pode manifestar sentimentos, não deve demonstrar medo, fraqueza, vulnerabilidade ou qualquer comportamento tido como "feminino", vivendo sob a ameaça oculta de manchar a sua reputação. A problematização dessas questões, apesar de ainda pouco conhecida, vem ganhando espaço junto das discussões relacionadas à desigualdade de gênero.

O ideal de masculinidade imposto, criado e perseverado há séculos pela sociedade patriarcal, está diretamente ligado à dificuldade masculina em falar de sentimentos e o fato de os indicadores de suicídio serem muito mais altos entre homens do que entre mulheres, segundo apontou o sociólogo norte-americano Michael Kimmel, fundador e diretor do Centro de Estudos dos Homens e das Masculinidades da Universidade Stony Brook, em Nova Iorque, ouvido para o dossiê.

Um exemplo dos efeitos da masculinidade tóxica apontado pela pesquisa do Google é a dificuldade que os homens têm em falar da aparência de outros homens e de cuidados pessoais. Mais de 50% deles prefere caçoar ou não comentar quando um amigo muda de aparência. Outro levantamento aponta que 49% dos homens só discutem cuidados pessoais e trocam dicas de produtos quando perguntados.

Mulheres prejudicadas

As consequências dos ideais que formam a masculinidade tóxica também são severamente sofridas pelas mulheres através do machismo. Embora o feminismo tenha se tornado cada vez mais conhecido e discutido no sentido de combater as desigualdades de gênero, muitas pessoas ainda entendem o movimento como "guerra dos sexos". O dossiê, no entanto, classifica tais considerações como falta de entendimento do verdadeiro propósito da luta das mulheres. "Trata-se de um movimento em prol de condições de igualdade de gênero onde todos saem ganhando, tanto mulheres como homens".

Nova masculinidade

Aí entra a Nova Masculinidade, que vem como uma alternativa aos comportamentos tóxicos e opressores impostos pelos padrões atuais, abrangendo todas as formas de ser homem, aceitando e acolhendo masculinidades possíveis, livres de estereótipos opressores.

O movimento prevê condições mais igualitárias e saudáveis, em que os homens têm espaço para serem mais humanos e se expressarem sem a ameaça de colocar qualquer coisa em risco, seja sua imagem, seja seu bem estar psicológico.

Na internet - em redes sociais, blogs e no Youtube - , a Nova Masculinidade já vem sendo apresentada e, até 2018, quando a pesquisa foi lançada, mais de três mil vídeos debatendo a masculinidade haviam sido publicados no Youtube. Assuntos rechaçados pela masculinidade tóxica também têm ganhado espaço: o número de visualizações pelo público masculino de conteúdos voltados à beleza cresceram 44%. Mas ainda há um longo caminho pela frente, em um país onde as mulheres dedicam o dobro do tempo às atividades domésticas (20h semanais para elas e 10 horas para eles) e ainda ganham 75% da remuneração dos homens ocupando o mesmo cargo.

Com Hoje em Dia



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