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Prefeito e médico que teria abusado de dezenas de pacientes e filmado atos é afastado do cargo após denúncias

Ginecologista e atual prefeito de Uruburetama, a 110 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, José Hilson de Paiva foi afastado temporariamente de suas funções, nessa segunda-feira (15), depois de receber denúncias de abuso sexual contra dezenas de mulheres durante as consultas.

Foto: Reprodução/Internet/ Foto: Reprodução/Internet/

A reportagem da TV Verdes Mares, exibida na noite de domingo pelo Fantástico, da Rede Globo, teve acesso a 63 vídeos gravados por Hilson em que ele abusava de suas pacientes na cidade a qual administra e em Cruz, distante 150 quilômetros.

Os vereadores de Uruburetama votaram na segunda-feira pelo afastamento do médico e prefeito do município por 90 dias. A população foi ao local pedir votos pelo afastamento. A sessão extraordinária - a Câmara se encontra em recesso - contou com a presença de nove dos 11 vereadores. Todos votaram pelo afastamento.

A produção da matéria que foi ao ar no domingo teve acesso aos vídeos feitos com, pelo menos, 23 mulheres entre 2009 e 2012, além de dezenas de fotos de partes íntimas das pacientes. A prática, entretanto, ocorria desde 1986 até 2018, de acordo com denunciantes. Nas gravações, Hilson orientava as pacientes a ficar totalmente nuas e realizava procedimentos invasivos com os dedos. Ele também chupava os seios das mulheres e, em algumas, tentava penetração com o pênis.

Em um dos vídeos, a mulher pergunta o ‘por quê’ do procedimento e o médico responde que o local está muito inflamado, chamando a paciente de bebê. “Ele introduziu algo na minha vagina nessa hora. Ele vai levando na lábia. As pessoas pensam que aquilo ali é normal”, conta. Ela não denunciou o médico e diz que por causa do abuso, há anos, faz tratamento psicológico e psiquiátrico. “Eu me sinto nua e despida, como se a culpa fosse minha”, relata.

Marcas

Os traumas das mulheres que foram abusadas são expostos na fala delas à reportagem. “Eu era uma pessoa que achava graça do nada, sabe? Agora todo mundo acha estranho, vem falar comigo e eu tô séria. Não consigo mais brincar com ninguém”, diz uma mulher que não denunciou o médico. A vítima conta que só teve coragem de comentar o que aconteceu com o marido e que tinha medo que as pessoas acreditassem no agressor por ser uma pessoa de destaque.

“Eu olhei para o jaleco dele e ele com os genitais de fora. Ele realmente queria penetrar em mim. Hoje estou, aos poucos, buscando força em Deus, tratamento e o apoio da família”, diz outra denunciante, moradora do município de Cruz. Em grande parte dos atendimentos, Hilson colocava as mulheres de costas, encostadas na maca, e, claramente abusando da fragilidade das pacientes, dizia estar realizando procedimentos médicos normais.

Dois profissionais da Associação Médica Brasileira assistiram aos vídeos na íntegra e repudiaram veementemente a prática de Hilson. “Em nenhum momento da humanidade existe esse procedimento, isso é asqueroso”, diz o secretário-geral da associação, Antônio Jorge Salomão. “Não se trata de um médico, trata-se de um monstro”, complementa, chamando as cenas de indescritíveis.

O vice-presidente da Associação Médica Brasileira, Diogo Leite Sampaio, reforça a opinião do colega e secretário da entidade. “Ele está se aproveitando da paciente. Ele não está examinando, procurando nenhum problema. Isso é crime”, afirma. “Não existe um tratamento clínico, muito menos a manipulação que esse senhor, que eu não posso nem chamar de médico, fez com a paciente”, condena.

Com Estado de Minas



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