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Sindicato denuncia trabalho em condições sub-humanas em obra de Sete Lagoas

Dezoito trabalhadores foram encontrados em condições degradantes de trabalho, análogas a escravidão, na manhã desta terça-feira, 18,  em uma obra de um prédio comercial na Rua Dr. Pedro Luiz, no Centro de Sete Lagoas. A denúncia foi feita pelos operários ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Belo Horizonte e Região, Stic-BH, que acionou o Ministério do Trabalho.

Os operários foram aliciados na Bahia nas cidades de Santo Antônio de Jesus, Ipirá e Salvador para trabalharem na obra de uma loja que já tem outras unidades na cidade. Dentre os trabalhadores alguns chegaram no município há três meses e outros há sete meses.

Segundo um dos operários, Jhone Elson, eles eram impedidos de ir embora por falta de pagamento do acerto, o gerente responsável pela obra teria afirmado que se quisessem deixar a cidade não seria efetuado o pagamento de passagem para os locais de origem.


Trabalhadores denunciaram a situação dos alojamentos / Foto: Nayara SouzaTrabalhadores denunciaram a situação dos alojamentos / Foto: Nayara Souza


"Ele disse que se quiséssemos ir embora que fosse a pé. Em tom de piada mesmo, por que como a gente vai a pé daqui até a Bahia?", contou Jhone. Ainda segundo o trabalhador muitos não se adaptaram a alimentação e chegaram a passar mal, mas a mesma ainda continuou a ser fornecida. 

Outra queixa é sobre a falta de pagamento de horas extras no contracheque para que o valor não fosse pago nos acertos e nem adicionado ao fundo de garantia. Alguns trabalhadores conseguiram a dispensa mas outros estavam sendo coagidos a pedir demissão para não receber o restante dos direitos trabalhistas.

A maior queixa é em relação aos alojamentos com quartos de dimensões de 5x4 metros e eram divididos por cerca de sete trabalhadores. "O alojamento descumpre 89% do que exige a lei trabalhista", explicou Vilson Valdez, membro do Stic-BH. Valdez ainda descreveu outras situações degradantes como o dormitório irregular com camas feitas com as sobras da obra, a falta de água potável para consumo e a sujeira dos banheiros. 

Foto: Nayara SouzaFoto: Nayara Souza

Fiscais do Ministério Público do Trabalho estiveram no local para vistoriar a obra e notificaram a empresa que agora terá que realizar a rescisão indireta dos contratos de trabalho e realocar os funcionários que devem imediatamente deixar o alojamento. A homologação da decisão será nesta sexta-feira, 21, e os fiscais continuam a averiguação das investigações iniciadas nesta terça, 18.

Em seguida a estes trâmites a empresa deverá providenciar o retorno de todos os funcionários para a cidade de origem, um alívio para Edson Santos que há sete meses não vê a família e confessa que a saudade é o que mais incomoda. Edson garante que trabalhar para essa empresa, que tem a matriz na Bahia, nunca mais.

A empresa contratante ainda não foi encontrada para falar sobre o assunto, um funcionário que estava no local da obra e se identificou como gerente não quis se pronunciar sobre o assunto.

Mais informações na edição impressa do Jornal SeteLagoas.com.br desta quinta-feira, 20, com edição gratuita.


Por Nayara Souza.






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